Moçambique diz que crescimento do negócio do caju está a mudar a vida das comunidades

Maputo, 16 out 2025 (Lusa) – O Ministério da Agricultura moçambicano afirma que o forte aumento na produção e comercialização de caju está a ter impacto na qualidade de vida nas comunidades, mas que é preciso acompanhar de qualidade e seguir os melhores exemplos.

Numa nota divulgada hoje, sobre a visita, quarta-feira, do ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas, Roberto Albino, ao Instituto de Amêndoas de Moçambique (IAM), é referido que o plano de produção e comercialização da castanha de caju apresentou “um desempenho positivo na campanha 2024–2025”, com mais de 195 mil toneladas, acima da meta inicial de 160 mil toneladas.

“Graças às boas práticas agrícolas e ao empenho dos produtores. Este crescimento teve impacto direto nas comunidades, permitindo que muitas famílias melhorassem as suas condições de vida, com acesso à habitação, educação e a outros bens e serviços que satisfaçam as necessidades básicas”, lê-se.

Apesar dos avanços, o ministro sublinhou “que a quantidade deve vir acompanhada da qualidade, apontando como prioridade o fortalecimento da cadeia de valor da castanha de caju”.

“O projeto de desenvolvimento desta cadeia, apresentado durante a reunião, tem horizonte de implementação entre 2025 e 2035 e será liderado pelo próprio IAM. O objetivo é gerar emprego, aumentar a competitividade e promover a exportação de produtos transformados”, refere-se na informação do Ministério da Agricultura.

Segundo a mesma fonte, o IAM foi orientado “a estudar as boas práticas dos países líderes na produção e comercialização da castanha do caju, como a Costa do Marfim, e a adotar estratégias inovadoras adaptadas à realidade nacional”.

“Temos de fazer diferente com o que temos — e fazer bem”, apelou Roberto Albino, citado na nota.

Moçambique decidiu este mês manter o preço de referência ao produtor de castanha de caju em 45 meticais (0,61 euros) nesta campanha, para garantir sustentabilidade do setor, uma das principais culturas de rendimento do país.

“Vamos manter o preço de referência em 45 meticais. E vamos fazer acompanhamento da evolução da condição do mercado. Nada a obstar que este comité volte a reunir-se para, em face das variações do mercado, poder discutir sobre a fixação de um outro preço de referência”, disse em 10 de outubro o secretário do Estado do Mar e Pescas, Momade Juízo.

O governante falava em Maputo durante a primeira sessão do Comité de Amêndoas, que se realiza anualmente, visando definir o preço de referência de compra da castanha de caju ao produtor em cada campanha de comercialização, neste caso de 2025/2026.

A comercialização de castanha de caju em Moçambique atingiu na última campanha de 2024/2025 cerca de 195.400 toneladas, sendo um marco histórico mais próximo do recorde dos anos 70, quando o país foi um dos maiores produtores mundiais.

A exportação de castanha de caju por Moçambique continua a crescer, atingindo 38,7 milhões de dólares (33 milhões de euros) no primeiro trimestre, liderando nas vendas ao exterior entre os designados “produtos tradicionais”, segundo dados do Banco de Moçambique.

De acordo com a informação do Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas, a produção de castanha de caju em Moçambique atingiu há 50 anos, ainda no período colonial, mais de 200 mil toneladas anuais e, até meados da década de 1970, Moçambique era o segundo maior produtor mundial de caju (210 mil toneladas processadas em 1973), atrás apenas da Índia, que comprava na altura, e ainda hoje, grande parte dessa produção.

Após a independência de Moçambique, em 25 de junho de 1975, a produção caiu para menos de 10%, para cerca de 15 a 20 mil toneladas anuais, mas tem vindo anualmente a crescer e na última campanha de 2024/2025 destacou-se entre os maiores produtores, mantendo-se no sétimo lugar.

PVJ (VIYS) // VM

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