Ministras brasileiras entre manifestantes pelo fim da exploração da Amazónia

Belém, Brasil, 15 nov 2025 (Lusa) — Duas ministras brasileiras integraram hoje a manifestação de milhares de ativistas e indígenas, em Belém, cidade onde decorre a conferência sobre o clima da ONU, a COP30, reivindicando o fim da dependência fóssil na Amazónia.

“Num ato histórico, as ministras Marina Silva e Sônia Guajajara, uniram-se a movimentos e líderes de 65 países, afirmando que a solução para a crise climática vem dos “guardiões da vida” e da construção de um novo “mapa do caminho””, escreveu em comunicado o movimento Cúpula dos Povos.

A participação das ministras do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e a dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, foram no entender do movimento o “momento mais emblemático” ao reconhecerem “a rua como o espaço fundamental para a democracia e a justiça climática”.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, saudou a iniciativa em que “contrastou a participação popular com o histórico de cúpulas fechadas”.

“Noutras realidades políticas do mundo, onde as manifestações eram feitas apenas dentro do espaço da ONU, agora, no Brasil, um país do Sul Global, de uma democracia conquistada e consolidada, sejam bem-vindos às praças”, afirmou Marina Silva.

Citando o Presidente do Brasil, Lula da Silva, a governante exigiu que a COP30 seja a “COP da verdade” e da “implementação”, e que a prioridade seja o fim da dependência fóssil na Amazónia.

“Nós temos que fazer o mapa do caminho para a transição, para o fim da dependência de carvão, de petróleo e de gás. É fundamental que o mundo dê demonstração de que vamos adaptar. […] Nosso compromisso é desmatamento zero”, assumiu.

No entender da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Gualalara, “o movimento indígena e os povos tradicionais são os responsáveis por resistir às mazelas causadas pela ganância”.

“Nós, povos indígenas, que sempre estivemos aqui, juntamo-nos neste momento para receber o mundo. Chegou a vez da Amazónia falar para o mundo. Chegou a vez aqui de encontrarmos o Cerrado, a Mata Atlântica, o Pampa, o Pantanal, a Caatinga, que estão, igualmente, a ser destruídos. É por isso que aqui se torna, neste momento, a zona azul da COP30, onde se encontram os guardiões da vida”, defendeu a governante.

No documento, o movimento, que integra 1.100 associações e organizações de 62 países de cinco continentes, referiu que a Marcha Global por Justiça Climática contou com mais de 30 mil pessoas de 65 países para exigirem aos decisores políticos presentes na COP30 “verdadeiras respostas” para o clima.

“Exigimos uma COP da Verdade e o fim da dependência fóssil na floresta da Amazónia”, pediu a Cúpula dos Povos que destacou a “demonstração massiva de força popular e política” no quinto dia da COP30.

Segundo o movimento Cúpula dos Povos, a marcha “reforçou a voz da região Sul Global” ao ser um “alerta contundente dos povos” que exigem “o cumprimento das metas climáticas e a construção de um projeto de transição justa que saia da teoria e se torne prática no Sul Global”.

A marcha de hoje contou com a presença da Associação Zero, de Portugal, com o presidente, Francisco Ferreira, a elogiar o movimento “pacífico, colorido e cheio de música” com o intuito de “exigir respostas aos decisores políticos”.

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