Mais de 2.900 deslocados desde final de agosto em Cabo Delgado

Pemba, Moçambique, 12 set 2025 (Lusa) – A Organização Internacional para as Migrações (OIM) estima que cerca de 2.924 pessoas tenham fugido de nova onda de ataques terroristas registados nos últimos dias nos distritos de Muidumbe e Mocímboa da Praia desde o final de agosto.

De acordo com um relatório daquela agência das Nações Unidas, consultado hoje pela Lusa, entre 25 de agosto e 9 de setembro, a escalada de ataques e o crescente medo de violência por parte dos Grupos Armados Não Estatais nos distritos de Muidumbe e Mocímboa da Praia levaram à deslocação de aproximadamente 2.924 pessoas (796 famílias).

“Este número inclui 2.158 pessoas (611 famílias) que fugiram de outras localidades dentro do distrito de Muidumbe entre 25 de agosto e 8 de setembro e 766 pessoas (185 famílias) que fugiram dentro e de Mocímboa da Praia para o distrito de Mueda entre 7 e 8 de setembro”, lê-se no documento.

No relatório avança-se ainda que a OIM continua a monitorizar a dinâmica de deslocação em tempo real para informar o planeamento humanitário baseado em evidências e os esforços de resposta no norte de Moçambique.

No final de julho, ataques de grupos terroristas no sul da província de Cabo Delgado já tinham provocado mais de 57 mil deslocados no distrito de Chiúre.

A província de Cabo Delgado regista um recrudescimento de ataques de grupos rebeldes desde julho, tendo sido alvos os distritos de Chiúre, Muidumbe, Quissanga, Ancuabe, Meluco e mais recentemente Mocímboa da Praia.

Na segunda-feira, a Lusa noticiou também que pelo menos seis pessoas foram mortas e campos agrícolas saqueados durante um ataque de supostos terroristas, no distrito de Muidumbe, em 06 de setembro.

O Governo moçambicano lamentou na terça-feira os ataques terroristas registados nos últimos dias em Cabo Delgado, norte de Moçambique, referindo que é papel do Estado perseguir, retardar e travar os ataques para que a população tenha o “menos sofrimento possível”.

“Lamentamos este infortúnio, mas não paramos nesta componente da lamentação por isso é que estamos com forças empenhadas para o efeito e detalhes deste serão dados, se este for o caso, pelas entidades de segurança que estão efetivamente no terreno ou então pelos responsáveis ao nível central”, disse Inocêncio Impissa, porta-voz do Conselho de Ministros, após mais uma sessão do órgão, em Maputo.

Numa menção ao ataque ocorrido em Mocímboa da Praia, no domingo, em que foram mortas quatro pessoas, assegurou que as Forças de Defesa e Segurança “estão em campo e no terreno”, sob coordenação dos ministros da Defesa e do Interior, a quem atribuiu a responsabilidade de dar informações sobre o ponto de situação naquela região.

Referiu ainda que é papel do Estado travar a “onda de malfeitores” em Cabo Delgado para que não se registem novos ataques e não se ponha em causa a “tranquilidade dos moçambicanos em qualquer parte do país”.

Pelo menos quatro pessoas foram mortas e uma viatura incendiada após supostos terroristas entrarem a disparar na vila sede de Mocímboa da Praia, disseram à Lusa, na segunda-feira, fontes locais.

O administrador distrital confirmou as quatro mortes, referindo que já foi restabelecida a ordem naquela região, com as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas a perseguir os supostos terroristas que atacaram a vila.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques, no norte de Moçambique, a maioria reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.

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