Israel envia equipa de negociação ao Qatar apesar de condições “inaceitáveis”

Jerusalém, 05 jul 2025 (Lusa) — Uma equipa de negociadores israelitas desloca-se no domingo ao Qatar, para negociações indiretas com o objetivo de garantir um acordo de tréguas e a libertação de reféns em Gaza, anunciou hoje o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.

“As mudanças que o Hamas está a tentar fazer à proposta do Qatar foram-nos comunicadas ontem [sexta-feira] à noite e são inaceitáveis para Israel”, disse, em comunicado, o gabinete de Netanyahu.

No entanto, “após uma avaliação da situação”, o primeiro-ministro israelita “deu instruções para responder ao convite para negociações indiretas e continuar os esforços para recuperar” os “reféns com base na proposta do Qatar que Israel aceitou”, acrescenta-se no texto.

Na nota especifica-se que “a equipa de negociação viajará amanhã [domingo] para discussões no Qatar”.

Esta é a primeira vez que a administração de Netanyahu comenta oficialmente as negociações de tréguas, após o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter dito na terça-feira que Israel aceitou uma proposta de cessar-fogo de 60 dias em Gaza e expressou a esperança de que o Hamas também concordasse com o acordo.

Na sexta-feira à noite, o Hamas disse ter dado uma resposta “positiva” aos mediadores em relação à proposta de tréguas e estava preparado para negociar “imediatamente” a sua concretização, de acordo com um comunicado oficial.

Os meios de comunicação israelitas, citando fontes do Hamas, afirmaram que os islamitas solicitaram várias alterações ao texto da proposta, incluindo a eliminação do mecanismo de distribuição de ajuda humanitária gerido pelo polémico Fundo Humanitário de Gaza (GHF, na sigla em inglês) e o regresso das Nações Unidas ao papel de distribuição de mantimentos.

Netanyahu planeia visitar a Casa Branca na segunda-feira e reunir-se com Trump, altura em que o cessar-fogo deverá ser anunciado.

Segundo fontes do grupo islâmico, citado pela agência Efe, a proposta incluiria garantias de que nenhum dos lados regressaria aos combates enquanto as negociações continuassem, o que começaria durante uma trégua inicial de 60 dias com o objetivo de “um cessar-fogo permanente e uma retirada completa e gradual de Gaza”.

Em termos gerais, a proposta inclui uma trégua de 60 dias, durante a qual o Hamas libertaria metade dos reféns israelitas ainda vivos na Faixa (cerca de 10), bem como os corpos de cerca de 30 reféns, em troca da libertação de vários prisioneiros palestinianos detidos por Israel.

Das 251 pessoas raptadas no primeiro dia da guerra desencadeada em 07 de outubro de 2023, pelo ataque do Hamas em solo israelita, 49 continuam detidas em Gaza, 27 das quais foram declaradas mortas pelo exército israelita.

Desde o início da guerra, mais de 57.300 residentes de Gaza foram mortos e mais de 132.000 ficaram feridos em ataques israelitas, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza liderado pelo Hamas.

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