Inflação em Macau atinge valor mais elevado desde janeiro

Macau, China, 26 set 2025 (Lusa) – A inflação em Macau acelerou em agosto, para o nível mais elevado desde janeiro, foi hoje anunciado, num mês em que o índice de preços no consumidor voltou a cair na China continental.

O índice em Macau subiu 0,27% em agosto, em termos homólogos, mais do dobro do valor registado em julho (0,11%), e o valor mais elevado desde janeiro (0,57%), segundo dados oficiais.

De acordo com a Direção dos Serviços de Estatística e Censos, a aceleração da inflação deveu-se sobretudo aos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas (mais 0,44%). O custo das refeições adquiridas fora de casa subiu 1,54%.

Os gastos com rendas ou hipotecas de apartamentos subiram 0,84% e 0,56%, respetivamente, ainda antes de a Autoridade Monetária de Macau ter aprovado, em 18 de setembro, a primeira descida da taxa de juro desde o final de 2024.

A Assembleia Legislativa do território aprovou, em abril de 2024, o fim de vários impostos sobre a aquisição de habitações, para “aumentar a liquidez” no mercado imobiliário, defendeu na altura o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong.

Com a recuperação no número de visitantes, a região semiautónoma chinesa registou uma subida de 19,1% no preço da joalharia, ourivesaria e relógios, produtos populares entre os turistas da China continental.

Na direção oposta, o custo das excursões e hotéis para viagens ao exterior de residentes de Macau aumentou 8,29%, enquanto os gastos com educação e seguros subiram 1,27% e 1,34%, respetivamente.

Na China continental, de longe o maior parceiro comercial de Macau, o IPC voltou cair 0,4% em agosto, em termos homólogos, o quinto mês de deflação (queda anual nos preços no consumidor) no último meio ano.

A deflação reflete debilidade no consumo doméstico e no investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos ativos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.

O dado surpreendeu os analistas, que previam uma contração dos preços de 0,2%, depois do índice ter ficado inalterado em julho, pondo fim a quatro meses consecutivos de queda.

A segunda maior economia mundial continua sob pressão deflacionista, devido à combinação entre a fraca procura interna e o excesso de capacidade industrial, agravada pela guerra comercial com os Estados Unidos, que tem dificultado o escoamento de inventários acumulados pelas empresas.

O índice de preços no produtor, que mede os preços à saída da fábrica, caiu 2,9% em agosto, assinalando o 35.º mês consecutivo de contração, apesar de representar uma melhoria face à descida de 3,6% registada em julho.

As autoridades chinesas têm reiterado que o reforço da procura interna será uma das prioridades económicas centrais para 2025.

Na vizinha região de Hong Kong, a inflação subiu ligeiramente, de 1%, em julho para 1,1%, em agosto.

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