Hong Kong rejeita “calúnias e difamações” do G7 sobre condenação de Jimmy Lai

Hong Kong, China, 19 dez 2025 (Lusa) — O Governo de Hong Kong afirmou que “repudia veementemente as calúnias e difamações” dos diplomatas do bloco G7 sobre a condenação do antigo magnata da comunicação social Jimmy Lai Chee-ying.

Na quinta-feira, os chefes da diplomacia do G7 – bloco que reúne Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido, Estados Unidos e União Europeia – condenaram o julgamento e exigiram a libertação imediata de Jimmy Lai.

Num comunicado, manifestaram preocupação com a “deterioração dos direitos, liberdades e autonomia” e lembraram que a liberdade de expressão e de imprensa estão consagradas na Lei Básica, a ‘mini-constituição’ de Hong Kong.

Horas mais tarde, o executivo da região disse que, nos últimos anos, os países do G7 têm “rotulado e acusado frequentemente indivíduos e organizações com relações legítimas com a China de ‘realizarem atividades de espionagem'”.

Isto “embora as acusações sejam muitas vezes retiradas posteriormente, ou os arguidos sejam considerados inocentes, devido à insuficiência de provas”, sublinhou o executivo de Hong Kong, num comunicado.

“É irónico que estes países tentem agora encobrir o flagrante conluio de Lai Chee-ying com forças estrangeiras ou externas, e o seu apelo a sanções contra a China e [… ] Hong Kong, alegando que se tratava de “exercício da liberdade de expressão e de imprensa”, disse o Governo.

Na segunda-feira, a justiça da região chinesa considerou Jimmy Lai culpado dos crimes de “publicações sediciosas” e conluio com entidades estrangeiras, ao abrigo da lei de segurança nacional imposta por Pequim em 2020.

Durante o julgamento, Lai, fundador do jornal Apple Daily, entretanto banido, declarou-se inocente e afirmou nunca ter defendido o separatismo ou a resistência violenta. Também negou ter apelado a sanções ocidentais contra a China e Hong Kong.

O Governo da região acusou ainda o G7 de falta de respeito pelo Tribunal Superior de Hong Kong, “que exerceu o poder judicial de forma independente e estritamente fundamentada em factos e provas”.

Na segunda-feira, o secretário para os Assuntos Constitucionais e do Continente de Hong Kong, Erick Tsang Kwok-wai, garantiu que Jimmy Lai será sujeito a “perpétuo confinamento”.

A justiça de Hong Kong marcou para 12 de janeiro uma audiência, com a duração máxima de quatro dias, onde a defesa de Lai poderá apresentar eventuais atenuantes, antes de a sentença ser conhecida.

Os três crimes de que Lai, de 78 anos, foi considerado culpado podem acarretar a pena de prisão perpétua.

O Governo do território exigiu também, “de forma veemente”, que os países do G7 “cessem imediatamente ações que violam o direito internacional e os princípios fundamentais das relações internacionais, e deixem imediatamente de interferir nos assuntos de Hong Kong, que são questões puramente internas da China”.

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