Guerra comercial: Trump adia para 1 de março imposição de tarifas ao Canadá

Foto: Facebook Justin Trudeau

O primeiro fim de semana de fevereiro ficou marcado pela confirmação da imposição de tarifas ao Canadá pelos Estados Unidos da América (EUA). Donald Trump assinou ordens executivas a 1 de fevereiro, impondo ao país vizinho tarifas de 10% sobre a energia e de 25% sobre os restantes produtos, com efeito a partir de 4 de fevereiro.

A 2 de fevereiro, o Governo federal canadiano divulgou uma lista detalhada das tarifas retaliatórias sobre 30 mil milhões de dólares em mercadorias, menos de 24 horas depois de Trump ter arrastado à força o Canadá para uma guerra comercial sem precedentes. Ottawa decidiu impor direitos aduaneiros de 25% sobre centenas de produtos originários dos EUA como: aves; carnes e enchidos; leite e derivados (iogurtes, queijos, entre outros); ovos; legumes e frutas (tomate, feijão, laranjas, entre outros); café e chá; especiarias; trigo, arroz, massas e aveia; óleos alimentares; produtos de confeitaria; água, sumos e bebidas alcoólicas (como vinhos e cervejas); tabaco; produtos de beleza, incluindo maquilhagem e perfumes; ferramentas e material de construção, como madeira, revestimentos de pisos, portas e mobiliário de casa de banho; pneus; vestuário, calçado e acessórios, como malas; papel higiénico; tapetes e cortinas; joalharia; e fogões.

O plano de resposta do Canadá estava programado para ser implementado de forma faseada, com início em simultâneo com o início das tarifas dos EUA.

Ottawa planeava acrescentar mais 125 mil milhões de dólares em tarifas sobre muitos outros bens dos EUA, depois de consultar a indústria. A segunda lista incluirá itens como carros, camiões, autocarros, aço e alumínio e produtos aeroespaciais.

A nível provincial, alguns premiers também já iniciaram a aplicação das suas retaliações.

As províncias também anunciaram retaliações.

Nova Scotia anunciou que a NS Liquor Corporation iria suspender a venda de bebidas alcoólicas, após British Columbia (B.C.) ter entrado também com uma ação de paragem na compra de bebidas alcoólicas de estados republicanos dos EUA.

Em Ontário, Doug Ford anunciou a 2 de fevereiro que todas as lojas do Liquor Control Board of Ontario (LCBO) deixariam de vender bebidas alcoólicas dos EUA. Doug Ford também anunciou, a 3 de fevereiro, a dissolução de um acordo de 100 milhões de dólares com a Starlink, de Elon Musk, assim como a proibição de novos contratos provinciais com outras empresas americanas.

As províncias de Manitoba e Quebec também orientaram os seus conselhos provinciais de bebidas alcoólicas para a retirada de produtos americanos de venda.

No entanto, duas ligações telefónicas entre Trudeau e Trump esta segunda-feira resultaram num progresso nas negociações.

A primeira conversa focou-se no comércio e nas fronteiras. Na segunda reunião, foi definido um acordo de adiamento da imposição das tarifas americanas para 1 de março, segundo comunicado de Trudeau nas redes sociais.

O Canadá prossegue com a implementação do seu plano de reforço de fronteiras, em coordenação com parceiros americanos para reduzir o fluxo de fentanil.

O Governo canadiano também assumiu um novo compromisso com a nomeação de um ‘Czar do Fentanil’, classificando cartéis identificados como terroristas e reforçando a vigilância 24 horas, com uma força de ataque conjunta entre o Canadá e os EUA. Trudeau anunciou ainda a assinatura de uma nova diretiva de inteligência sobre crime organizado e fentanil, na qual o Canadá contribuirá com 200 milhões de dólares.

Doug Ford reagiu de imediato ao adiamento das tarifas, informando que Ontário também vai suspender as medidas retaliatórias anunciadas, assinalando entretanto que caso as tarifas sejam implementadas, as retaliações também serão retomadas.