Governo moçambicano quer mobilizar 2.317 ME para estimular economia

Maputo, 16 set 2025 (Lusa) — O Governo moçambicano pretende mobilizar 2.317 milhões de euros a curto e médio prazo para estimular a economia, nomeadamente face aos efeitos das alterações climáticas e da instabilidade política, conforme plano aprovado hoje em Conselho de Ministros.

De acordo com o porta-voz daquele órgão, Inocêncio Impissa, na reunião realizada em Maputo foi apreciado e aprovado o Plano de Recuperação e Crescimento Económico (Prece), “um instrumento de curto e médio prazo para responder aos desafios da conjuntura económica”.

“Contempla um pacote de medidas estimado em 2.750 milhões de dólares [2.317 milhões de euros]. Deste pacote, 800 milhões de dólares [674 milhões de euros] serão fundos de apoio à economia para a sua recuperação, através de instrumentos aprovados pelo Governo”, explicou.

Entre esses instrumentos já aprovados, alguns em fase de implementação, estão o Fundo de Garantia Monetária, o Fundo de Desenvolvimento Económico Local, linhas de financiamento de apoio à recuperação pós-tensões eleitorais, bem como o futuro Banco Nacional de Desenvolvimento, detalhou o governante.

“A implementação eficaz do Prece contribuirá para restabelecer a confiança dos investidores e da população em geral, bem como acelerar a recuperação económica, criando um ambiente propício para investimentos, geração de emprego e crescimento sustentável no médio e longo prazos”, apontou Impissa.

O porta-voz do Conselho de Ministros explicou que, com a adoção do Prece, a projeção do Governo aponta para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de Moçambique de 2,5% em 2025, contra os anteriores 2,4%.

“O que será observado em todo o período da implementação, prevendo-se um crescimento de 6,3% no final do período, ou seja, em 0,65 pontos percentuais acima do projetado pelo Programa Quinquenal do Governo 2025-2029”, apontou ainda Inocêncio Impissa.

Moçambique viveu quase cinco meses de tensão social, com manifestações, greves e barricadas em ruas de várias cidades, sobretudo Maputo, inicialmente em contestação aos resultados eleitorais de 09 de outubro, convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados eleitorais.

Os protestos degeneraram em violência com a polícia e provocaram cerca de 400 mortos, bem como a destruição e saque de infraestruturas públicas e em empresas.

Quase mil empresas moçambicanas foram afetadas pelas manifestações pós-eleitorais, com um impacto na economia superior a 32,2 mil milhões de meticais (480 milhões de euros) e 17 mil desempregados, segundo estimativa apresentada em fevereiro pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).

De acordo com o levantamento feito pela CTA, foram afetadas de “forma direta” pelas manifestações e agitação social que se seguiu às eleições gerais de outubro 955 empresas, em que 51% “sofreram vandalizações totais e/ou saques das suas mercadorias”.

Em 23 de março, o Presidente da República, Daniel Chapo, encontrou-se pela primeira vez com Venâncio Mondlane, tendo ambos assumido o compromisso de acabar com a violência, o que acabou por acontecer.

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