Governo de Moçambique aponta desinformação como “novo e perigoso desafio”

Maputo, 22 ago 2025 (Lusa) – O ministro da Defesa moçambicano disse hoje que a desinformação é um “novo e perigoso desafio” usado como “arma psicológica” para semear pânico e desmotivar as forças que combatem o terrorismo em Cabo Delgado, no norte de Moçambique.

“Esta guerra de informação e desinformação representa um novo e perigoso desafio, com impactos diretos na segurança nacional, na coesão social e na estabilidade económica. A desinformação, principalmente no contexto do combate ao terrorismo, tem sido usada como arma psicológica para desmotivar as tropas, semear o pânico entre as populações e minar os esforços do Estado”, disse Cristóvão Chume, durante um evento em Maputo.

O governante pediu a adoção de mecanismos para fazer frente ao que chamou de “guerra de informação”, alertando para a “proliferação de narrativas” para semear medo, falando durante a abertura do II Seminário dos Comunicadores do Setor de Defesa, que decorre sob o lema “Papel da Comunicação Estratégica nos Atuais Desafios do Setor de Defesa”. 

“Vivemos uma era marcada pela proliferação de narrativas, algumas delas manipuladas ou fabricadas com o único propósito de semear o medo, confundir a opinião pública e enfraquecer a moral das nossas forças”, frisou o ministro da Defesa.

O responsável afirmou ainda que em tempos modernos um dos maiores campos de batalha é o da informação, tendo prometido continuar a equipar e a modernizar as Forças de Defesa e Segurança com tecnologias de informação para uma melhor comunicação “proativa”, que antecipa crises e previne a propagação de informações falsas.

“Durante as manifestações violentas, após as eleições de 09 de outubro de 2024, ficou claro que a manipulação da informação se tornou uma arma poderosa, capaz de desestabilizar e colocar em causa o próprio Estado de Direito. A vulnerabilidade das populações face à desinformação demonstrou, mais uma vez, a necessidade de uma comunicação estratégica robusta, articulada e comprometida com a verdade”, referiu ainda Cristôvão Chume.

Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

A recente onda de violência naquela província rica em gás já provocou desde a última semana de julho mais de 57.000 deslocados, de acordo com agências no terreno, sobretudo no distrito de Chiúre, sul de Cabo Delgado.

O ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, admitiu no final de julho preocupação com a onda de novos ataques em Cabo Delgado, adiantando que as forças de defesa estão no terreno a perseguir os insurgentes armados.

“Como força de segurança não estamos satisfeitos com o estado atual, tendo em conta que os terroristas nos últimos dias tiveram acesso às zonas mais distantes do centro de gravidade que nós assinalámos”, disse na altura Cristóvão Chume.

Pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique em 2024, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado em fevereiro pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS).

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