Final europeia perdida e marcas negativas guiam primeiro ano de Amorim no United

Manchester, Inglaterra, 22 nov 2025 (Lusa) – A Liga Europa perdida para o Tottenham e a pior classificação em meio século na Liga inglesa de futebol abalaram o primeiro ano de Ruben Amorim no Manchester United, que tenta recompor-se com o treinador português.

Na segunda-feira, aquando da receção ao Everton, no fecho da 12.ª jornada da Premier League, passarão 365 dias desde o jogo de estreia do ex-técnico do Sporting na equipa capitaneada pelo internacional luso Bruno Fernandes e que também integra Diogo Dalot.

O Manchester United atingiu a mais recente pausa para as seleções nacionais no sétimo lugar, com 18 pontos, tendo distâncias de oito para o líder Arsenal e sobre o West Ham, primeiro clube em zona de descida, no 18.º lugar, e comandado por Nuno Espírito Santo.

Uma inédita série de cinco partidas sem perder para o campeonato com Ruben Amorim, eleito melhor treinador da prova em outubro, atenuou as críticas aos ‘red devils’, que, na temporada passada, não passaram da 15.ª posição, com 42 pontos, e tiveram a sua pior classificação desde 1973/74, quando desceram ao segundo escalão pela derradeira vez.

O sucessor do neerlandês Erik ten Hag ficou ligado à pior época do clube na era Premier League, começada em 1992/93 e da qual é o recordista de êxitos (13), após ter passado quase cinco anos no Sporting, que esteve em convulsão depois da sua saída, negociada por 11 milhões de euros (ME) – 10 ME inerentes à cláusula de rescisão -, mas recuperou.

Já com Rui Borges como treinador, volvida uma curta etapa com João Pereira, os ‘leões’ juntaram o terceiro título de campeão português nos últimos cinco possíveis à primeira ‘dobradinha’ em 23 anos, contrastando com a ausência de cetros do United em 2024/25.

Os ‘red devils’ chegaram à final da Liga Europa, mas perderam com os compatriotas do Tottenham (1-0), em Bilbau, e não ingressaram nas provas europeias ao fim de 11 anos, fracassando na primeira época completa desde que Jim Ratcliffe, dono da empresa de indústria química Ineos, passou a gerir o futebol no clube controlado pela família Glazer.

Convicto que a oportunidade de treinar um emblema da dimensão do United só passaria uma vez na carreira, Amorim foi anunciado em 01 de novembro de 2024, mas só iniciou funções em Carrington 10 dias depois – a transição interina foi garantida pelo neerlandês Ruud van Nistelrooy, ex-avançado do clube -, expondo convicções e discurso agregador.

Depois da despedida em ombros de Alvalade, o treinador não perdeu nos três primeiros jogos em Inglaterra, mas avisou que os dias difíceis chegariam, situação consumada na viragem de ano, que denunciou carências de plantel, agravou críticas e subiu a pressão.

No inverno, em que apenas foi adquirido Patrick Dorgu ao Lecce por 30 ME, apareceram algumas lesões e notícias de tensões entre Amorim e jogadores cotados, entre os quais Antony, Marcus Rashford ou Alejandro Garnacho – os dois primeiros foram emprestados.

A equipa já tinha descido à segunda metade do campeonato e de lá não sairia, perdendo nos quartos de final da Taça da Liga e na quinta eliminatória da Taça de Inglaterra face a Tottenham e Fulham, respetivamente, antes de suplantar Real Sociedad, Lyon e Athletic Bilbao rumo à decisão europeia, na qual os ‘spurs’ lograram o primeiro cetro em 17 anos.

No final da temporada, em que averbou tantas vitórias quanto derrotas, o treinador pediu desculpa aos adeptos em pleno Old Trafford, mas vaticinou melhores dias, que o defeso projetou com 250 ME investidos no guarda-redes Senne Lammens e em Bryan Mbeumo, Matheus Cunha e Benjamin Sesko, novas referências da linha mais avançada do ‘3-4-3’.

Antony, Garnacho, Christian Eriksen e Victor Lindelöf, em definitivo, ou Rashford, André Onana, Jadon Sancho e Rasmus Hojlund, por cedência, deixaram o Manchester United, cuja defesa e meio-campo não tiveram reforços e voltaram a revelar lacunas no início de 2025/26, penalizado por cinco jogos sem vencer nos primeiros sete em todas as provas.

Essa sequência incluiu a eliminação na segunda ronda da Taça da Liga face ao Grimsby Town, do quarto escalão, nos penáltis, mas Ruben Amorim reconheceu não ter medo de perder o emprego e a equipa estabilizou em outubro, indiferente à rigidez tática criticada por antigos jogadores e capitães da última fase titulada do clube no início do século XXI.

Em contraste com 2024/25, o Manchester United encadeou vitórias na Premier League e alcançou três seguidas, voltando a desejar outros voos com um calendário menos denso, apesar de continuar distante do brilhantismo rubricado pelo escocês Alex Ferguson, com quem foi campeão inglês pela última vez, em 2012/13, e cuja fórmula tem tentado repetir.

Amorim tem a pior percentagem de êxitos (38,8%) dos seis treinadores definitivos que se seguiram, mas sente-se feliz, é apoiado pela direção e conta com tempo para apresentar resultados em Inglaterra, onde a pressão não demora a subir na adversidade e vai sendo olhado com desconfiança pelos adeptos, entre os quais viralizou Frank Ilett, ao prometer cortar o cabelo só depois de cinco vitórias seguidas, série inatingida há mais de um ano.

 

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