
Porto, 19 dez 2025 (Lusa) – O FC Porto encarou hoje a arbitragem como a principal responsável pela instabilidade no futebol português, lamentando uma semana de “polémica e decisões incompreensíveis”, que “comprometem a verdade desportiva” e aumentam a “perda de confiança no setor”.
“As últimas eleições para a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) foram acompanhadas pela promessa de uma renovação evolutiva na área da arbitragem, nomeadamente ao nível das linhas programáticas e das respetivas reformas. O balanço deste quase primeiro ano de mandato dos órgãos federativos da arbitragem é dececionante”, assumiram os ‘dragões’, em comunicado.
A direção ‘azul e branca’, presidida por André Villas-Boas, pronunciou-se num documento com cinco pontos, visando a arbitragem um dia depois da polémica vitória com reviravolta do Sporting, bicampeão nacional e detentor do troféu, na visita ao Santa Clara (3-2), para os oitavos de final da Taça de Portugal.
O FC Porto exigiu ao presidente da FPF, Pedro Proença, uma “ponderação profunda e a adoção de medidas urgentes” sobre o funcionamento da arbitragem nacional e o desempenho das pessoas por si escolhidas para liderar o setor, nomeadamente Luciano Gonçalves, líder do Conselho de Arbitragem (CA), e Duarte Gomes, diretor técnico nacional.
Convictos de que essa liderança bicéfala “em nada tem contribuído” para a serenidade dos árbitros, os ‘dragões’, atuais líderes isolados da I Liga, denunciaram um “sistema errático, pouco transparente e profundamente desestabilizador para quem, semanalmente, tem a responsabilidade de tomar decisões dentro das quatro linhas”.
“A política de comunicação desastrosa seguida pelo atual CA, a falta de consistência gritante nos critérios de avaliação de lances semelhantes, a insistência na validação de erros evidentes e um modelo de atribuição de notas cuja relação com critérios de mérito e cujo impacto nas nomeações subsequentes não se encontram devidamente esclarecidos são, na opinião do FC Porto, suscetíveis de semear dúvidas, discórdia e instabilidade técnica nas equipas de arbitragem, com especial enfoque na videoarbitragem (VAR)”, assumiu.
O FC Porto recordou ainda ter interpelado Pedro Proença e Luciano Gonçalves sobre a composição da comissão não permanente de arbitragem da FPF, liderada por Duarte Gomes e composta por comentadores de arbitragem ligados a órgãos de comunicação social, mais um representante dos clubes dos dois escalões do futebol profissional, no caso Patrícia Silva Lopes, assessora jurídica do Sporting.
Além de duvidar da natureza do vínculo dessas pessoas com o organismo, o clube ‘azul e branco’ questiona se “o exercício contínuo de comentário sobre arbitragem em órgãos de comunicação social, aliado ao exercício de funções técnicas ou consultivas na esfera da arbitragem da FPF, se coaduna com princípios de credibilidade, objetividade e reserva”.
“A posição de influência que esses membros aparentam ter no seio das comissões, aliada ao eco público das suas opiniões e à sua associação direta à FPF, expõe as equipas de arbitragem em futuras tomadas de decisão e na uniformização dos critérios”, considerou.
Os ‘dragões’ reconheceram que os benefícios das câmaras corporais nos equipamentos dos árbitros – medida estreada esta semana em Portugal – “se resumiram a cosmética televisiva”, face ao lance polémico já em período de compensação na partida nos Açores.
O árbitro João Pinheiro esteve 12 minutos parado no relvado, antes de ser chamado pelo VAR Rui Silva para consultar as imagens de uma falta de Tiago Duarte sobre Morten Hjulmand na área do Santa Clara e assinalar uma grande penalidade a favor do Sporting, que perdia por 2-1, mas levou o jogo para prolongamento com um golo de Luis Suárez.
“Talvez fosse mais apropriado, em nome da tão propalada transparência, resolver definitivamente questões determinantes, como a uniformização da tecnologia VAR em todos os estádios e a implementação da tecnologia de linha de golo e do fora de jogo semiautomático, bem como a disponibilização imediata dos áudios do VAR”, indicou.
Desejando que “esta época seja decidida exclusivamente pelos protagonistas dentro do campo”, o FC Porto diz não ter encontrado dinamismo junto da FPF e da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) para a rápida implementação dessas medidas propostas.
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