
Berlim, 15 dez 2025 (Lusa) — As autoridades norte-americanas acreditam que a Rússia irá aceitar a adesão da Ucrânia à União Europeia (UE) no âmbito de um possível acordo de paz, que deverá conter “fortes garantias de segurança” para Kiev.
Segundo fontes norte-americanas, que falaram sob anonimato, negociações intensas entre o enviado especial da Casa Branca Steve Witkoff e Jared Kushner, genro do Presidente norte-americano, Donald Trump, e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, permitiram reduzir divergências sobre garantias de segurança exigidas por Kiev e sobre a questão crítica da cedência de território no Donbass, pretendida por Moscovo.
Kushner e Witkoff deverão participar ainda esta noite, em Berlim, num jantar com líderes ucranianos, britânicos, alemães e franceses, no qual Trump deverá participar por telefone a partir de Washington.
As conversações deverão prosseguir no próximo fim de semana em Miami ou noutra cidade dos Estados Unidos.
De acordo com as autoridades norte-americanas, Washington planeia apresentar ao Senado um acordo de garantias de segurança para Kiev, embora não esteja definido se será submetido a ratificação como tratado, exigindo aprovação por dois terços dos senadores.
A aceitação, por Moscovo, da integração europeia da Ucrânia seria vista como uma concessão significativa, embora a Rússia já tivesse indicado no passado não se opor formalmente à adesão de Kiev à UE.
Em paralelo, os EUA concordaram em fornecer garantias de segurança “muito fortes”, comparáveis ao artigo 5.º da NATO – que consagra o princípio da defesa mútua: um ataque armado contra um país membro é considerado um ataque contra todos.
Tais garantias, contudo, “não ficarão disponíveis para sempre”, de acordo com as mesmas fontes.
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A última ronda de negociações em Berlim termina hoje, num contexto de pressão crescente de Washington para que Kiev aceite rapidamente um acordo, enquanto a Rússia endurece as suas posições.
Zelensky e responsáveis europeus manifestaram “grande satisfação” com a minuta acordada, segundo as fontes norte-americanas.
O ponto mais sensível permanece o controlo da região de Donetsk, em grande parte ocupada pela Rússia, enquanto Kiev rejeita ceder território.
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