
Bogotá, 16 set 2025 (Lusa) – O Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou que os Estados Unidos deixaram de considerar o país como um aliado na luta contra o tráfico de droga.
“Os Estados Unidos estão a retirar a sua certificação, após a morte de dezenas de polícias e soldados” envolvidos na luta contra guerrilhas e cartéis financiados pelo tráfico de droga, lamentou Petro, na segunda-feira.
O Governo dos Estados Unidos ainda não se pronunciou sobre a decisão, que Petro classificou como política, e que implicará a retirada de apoio anual à Colômbia no valor de centenas de milhões de euros.
O Presidente colombiano prometeu, numa reunião do Conselho de Ministros, transmitida pela televisão, que as forças militares vão deixar de adquirir de armamento dos Estados Unidos.
“A dependência do Exército colombiano e das suas forças militares em relação às armas americanas acabou. Chega de esmolas ou presentes. Já retiraram a certificação, essa é a decisão”, disse Petro.
“É melhor que o Exército colombiano compre as suas armas ou as fabrique com os nossos próprios recursos, porque, caso contrário, não será um exército de soberania nacional”, disse Petro.
A decisão faz parte de uma campanha do Presidente norte-americano, Donald Trump, contra o tráfico de droga, que levou à destruição, por parte dos militares norte-americanos, do que Washington alegou serem dois barcos de transporte de droga, fazendo, pelo menos, 14 mortos.
Na segunda-feira, Trump afirmou que o segundo ataque militar dos Estados Unidos visou “narcoterroristas” da Venezuela em águas internacionais, fazendo três mortos.
O Presidente da Colômbia classificou o ataque norte-americano como homicida.
“Acabaram de destruir outro barco com três [pessoas]. Mesmo que transportassem cocaína, matar três passageiros num barco, sem armas e sem blindagem, com um míssil é assassínio, e o Governo dos Estados Unidos está a assassinar latino-americanos no seu próprio território”, disse Gustavo Petro.
As relações entre Washington e Bogotá deterioraram-se desde o regresso de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro. Os dois países viveram uma crise diplomática no final de janeiro, num momento marcado pela deportação para a Colômbia de migrantes que entraram ilegalmente nos Estados Unidos.
A Colômbia é o maior exportador mundial de cocaína e, em 2024, bateu recordes de produção da droga, segundo um relatório das Nações Unidas.
O país, mergulhado numa guerra interna há mais de meio século entre guerrilheiros, traficantes de droga e forças governamentais, vive a pior crise de segurança da última década, devido à violência de grupos armados que lucram com o tráfico.
Gustavo Petro tentou retomar as conversações de paz com os grupos armados que operam na Colômbia, seis anos após o acordo histórico com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). A maioria destas tentativas falhou ou os processos estão paralisados.
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