Discurso do Estado da União 2023 prepara presidenciais dos EUA em 2024

Washington, 07 fev 2023 (Lusa) — O Presidente dos EUA, Joe Biden, apresenta esta noite o discurso do Estado da União perante um Congresso onde os Republicanos têm maioria na câmara baixa e as atenções se viram já para as presidenciais de 2024.

Biden ainda não esclareceu se vai recandidatar-se, mas os analistas dizem que a dúvida deverá ser dissipada nas próximas semanas, o que torna o discurso do Estado da União, que será proferido às 21:00 (hora local em Washington, 02:00 da madrugada de quarta-feira em Portugal continental), uma oportunidade privilegiada para o líder explicar as suas prioridades políticas, neste ou num eventual segundo mandato.

Tradicionalmente, o discurso do Estado da União serve para o Presidente apresentar a sua agenda e para se diferenciar das ideias da oposição, sendo expectável que Biden aproveite para criticar de novo a estratégia do Partido Republicano para tentar impedir o aumento da dívida dos Estados Unidos, arriscando a bloquear a ação do Governo.

Mas, a menos de dois anos de novas eleições presidenciais e poucos meses depois das eleições intercalares, os líderes geralmente aproveitam também para definir as linhas estratégicas de campanha, dando pistas sobre o seu próprio futuro político.

Um dos pontos de atenção do discurso de Biden será a forma como ele se referirá ao novo líder da maioria Republicana na Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, com quem o Presidente se terá de entender nos próximos meses, se quiser evitar confrontos permanentes entre a Casa Branca e o Congresso.

McCarthy apenas foi eleito após uma longa sequência de rondas de votação, com sucessivas tentativas falhadas de conseguir uma maioria absoluta, o que deixa a liderança da bancada Republicana refém de um grupo de membros radicais, próximos do ex-Presidente Donald Trump.

Na política interna, Biden deverá aproveitar para falar dos tempos pós-covid-19 — agora que a Casa Branca anunciou o fim do estado de emergência em maio próximo — e do combate à inflação, que tem mostrado sinais de abrandamento.

O Presidente Democrata deverá também abordar o seu ambicioso plano de investimento em infraestruturas, que os Republicanos estão determinados em fazer arrefecer, agora que possuem uma maioria na Câmara de Representantes.

Na política externa, Biden deve insistir no apoio a Kiev para resistir à invasão russa, através de sucessivos pacotes de ajuda financeira e militar, bem como nos desafios colocados pelo país que foi recentemente considerado a principal ameaça à liderança económica mundial dos Estados Unidos: a China.

O recente episódio do alegado balão espião chinês, que foi abatido este fim de semana, após atravessar o território norte-americano, poderá servir para Biden explicar a forma como pretende lidar com Pequim, com quem tem várias frentes de negociação, desde o campo militar à guerra comercial.

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