Defensoria Pública solicita acesso às autópsias da operação no Rio de Janeiro

Brasília, 30 out 2025 (Lusa) — A Defensoria Pública do Rio de Janeiro pediu hoje ao Supremo Tribunal Federal que autorize os seus peritos a participar nas autópsias das pelo menos 121 pessoas mortas na operação policial de terça-feira, por receio de que não sejam “imparciais”.

O organismo público (o equivalente brasileiro ao sistema português de apoio judiciário), que tem prestado assistência jurídica a 106 familiares das vítimas mortais, afirma que o objetivo do pedido é contribuir para uma investigação “transparente” dos acontecimentos.

Num requerimento dirigido ao Supremo, a Defensoria sustenta que a resposta das autoridades do Rio de Janeiro “suscita um receio concreto quanto à imparcialidade e consequente fiabilidade das perícias realizadas nos cadáveres das vítimas”.

A Defensoria estima em 132 o número de mortos na ação policial, enquanto o Governo do Estado do Rio de Janeiro reconhece apenas 121, incluindo quatro polícias.

A megaoperação policial, que mobilizou 2.500 agentes, tinha como objetivo combater o Comando Vermelho, uma das maiores facções do narcotráfico no Brasil.

O governador do Rio, Cláudio Castro, elogiou a intervenção, classificando-a como um “sucesso”, enquanto o Governo de Luiz Inácio Lula da Silva reagiu com cautela, afirmando que avaliará se foram respeitadas as regras do Estado democrático de direito.

O caso gerou uma forte polémica no Brasil e levou a ONU e várias organizações de defesa dos direitos humanos a pedirem investigações independentes.

 

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