
Xai-Xai, Moçambique, 21 nov 2025 (Lusa) — Os criadores de gado bovino na província de Gaza, sul de Moçambique, estimaram hoje que perderam mais de 100 mil animais em oito anos devido a doenças provocadas por carraças, apontando dificuldades do Governo em apoiar no combate.
“De 2017 a 2025 perdemos mais de 100 mil animais e nos últimos cinco anos perdemos cerca de 46 mil animais que morreram por doenças de teleriose, transmitidas por carraça”, disse o representante dos criadores de gado bovino na província de Gaza, Rafael Carlos, citado hoje pela comunicação social.
Segundo o responsável, o problema começou com um movimento descontrolado de bovinos na época da seca que afetou no passado 2016 a região sul do país, e falta a garantia do Estado moçambicano em apoiar com químicos contra a doença.
“Temos baixo aprovisionamento de drogas carracicidas e, neste momento, está a ser difícil para o Estado assumir que vai adquirir a droga para toda a província”, lamentou o representante dos criadores de gado bovino, explicando que precisam de mais de 37 mil litros de droga para pulverizar cerca de 573 mil animais existentes em toda a província.
Atualmente, a cooperativa possui 78 tanques em que são usados os produtos químicos para os tratamentos, com banhos ou pulverizações contra infeções, dos quais 53 estão operacionais e 25 inoperacionais.
Na mesma província, tinha sido anunciado antes a necessidade de 120 mil doses de vacina contra febre aftosa, quando foi interditada a comercialização e circulação de gado bovino e seus produtos em dois distritos da região, conforme noticiou a Lusa no passado mês de agosto.
Em causa esteve a febre aftosa diagnosticada em Massingir, em junho, sendo a segunda vez que se registava um surto local da doença em menos de um ano e que alastrava para outros distritos. A coabitação de gado bovino com outros animais como búfalos é a principal causa desta doença, referiram as autoridades.
Num relatório governamental indica-se que a febre aftosa é a doença com “maior impacto negativo na economia”, tendo Moçambique registado 15 focos em 2023 — contra o pico de 25 em 2022 -, dos quais 13 em Tete e dois em Manica, províncias do centro do país, afetando bovinos, suínos, ovinos e caprinos e é caracterizada por febre e vesículas (aftas) na boca, focinho, tetas e pés dos animais.
A primeira-ministra de Moçambique, Maria Benvinda Levi, pediu, em agosto, investimento na criação de gado para melhorar a dieta alimentar nacional e colocar o país na rota do comércio internacional, apelando também para a “concentração” na produção de qualidade, tanto para a de carne como para leite e outros derivados.
Estes produtos “vão, certamente, melhorar a nossa dieta alimentar e também colocar Moçambique no comércio internacional”, defendeu na altura, acrescentando que a medida permitiria aos moçambicanos consumir produtos de qualidade.
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