Covid-19: Farmácia central timorense preocupada com fornecimento elétrico para vacinas

Díli, 25 fev 2021 (Lusa) — O responsável da farmácia central timorense manifestou-se hoje preocupado com o impacto que os cortes de fornecimento elétrico poderão ter no armazenamento a frio das vacinas contra a covid-19.

“Estamos preocupados com os cortes de energia elétrica e, por isso, pedimos à EDTL atenção ao fornecimento de eletricidade, nomeadamente na área de Kampung Alor. Temos um gerador de reserva, mas, se falhar ou houver um corte de uma a duas horas, poderá haver implicações para a temperatura da vacina”, disse Santa Martins, diretor do Serviço Autónomo de Medicamentos e Equipamentos de Saúde (SAMES), citado pelo jornal Timor Post.

O SAMES possui, explicou, um equipamento que assinala as mudanças de temperatura, estando a preparar a sua equipa para que esteja em vigilância permanente, quando as vacinas chegarem, para eventuais cortes elétricos.

As preocupações com o fornecimento da Eletricidade de Timor-Leste (EDTL) foram feitas também pelo vice-ministro da Saúde, Bonifácio Maukoli dos Reis, notando que está em causa uma questão de saúde pública.

“Estamos preocupados com os cortes de eletricidade. Não só aqui, mas em quase todo o território, nomeadamente nos centros de saúde. É preciso melhorar a gestão da eletricidade”, disse.

“Sabemos que a vacina da AstraZeneca deve ser conservada entre -2ºC a 8ºC para que seja garantida a sua qualidade”, afirmou.

Ainda sem data certa para a chegada das primeiras vacinas da AstraZeneca, que serão fornecidas a Timor-Leste pelo programa multidoador COVAX, o SAMES está a avançar nos preparativos de armazenamento.

“O armazém central está preparado para receber a vacina. Temos também preparados medicamentos para os efeitos da vacina”, disse Martins, referindo-se aos primeiros lotes de até 20% das necessidades do país.

“Neste momento, estamos a verificar o espaço para o armazenamento. Temos uma sala refrigerada, uma sala frigorífica e outra sala com a temperatura entre os 2ºC e 8.ºC. A sala frigorífica terá temperaturas entre os -15ºC e — 25ºC”, recordou.

Os preparativos, que deveriam ter sido concluídos no final do ano passado, foram atrasados devido à crise sanitária, que afetou o transporte de bens para o país.

A instituição está a trabalhar em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância para aquisição de seringas e uma caixa de segurança, que são esperadas ainda este mês.

Foram já feitas propostas adicionar para armazenar o resto das vacinas em várias regiões do país e ainda para o seu transporte de Díli.

O responsável disse haver já um acordo entre o Governo timorense e a Agência Japonesa de Cooperação Internacional (JICA, na sua sigla em inglês) para apoio numa carrinha frigorifica para transportar vacinas para o enclave de Oecusse.

O Governo timorense prevê iniciar a vacinação, em várias fases, no dia 07 de abril.

Atualmente há 21 casos ativos da covid-19 em Timor-Leste, dos quais sete foram detetados num único cluster de transmissão local numa pequena aldeia próximo da fronteira com a Indonésia.

 

ASP // PJA 

Lusa/Fim