COVID-19: EVENTUAL ECLOSÃO EM MOÇAMBIQUE VAI PRESSIONAR SISTEMA DE SAÚDE FRACO — OMS

LusaMaputo, 12 mar 2020 (Lusa) – A representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Moçambique alertou hoje que uma eventual eclosão do Covid-19 no país vai acrescentar pressão sobre um sistema da saúde fraco, considerando que os hospitais devem estar prontos para isolamentos.

“O país já tem muitos problemas de saúde que tem de enfrentar todos os dias, isto [o Covid-19] é um acréscimo na pressão sobre o sistema de saúde fraco e subcarregado”, disse a representante da OMS em Moçambique, Djamila Cabral, em entrevista à Lusa em Maputo.

Para Djamila Cabral, o país vai precisar de mais apoios para fazer face a pandemia e os hospitais precisam de meios para o isolamento e tratamento de pessoas infetadas.

“O isolamento é bastante específico e um processo complexo. É preciso começar a preparar isso já e as autoridades estão a trabalhar nisso. Foram identificados hospitais em todas as províncias com áreas de isolamento”, afirmou a representante da OMS.

Ainda não há um caso confirmado da doença no país, mas o receio aumentou após a confirmação, desde a semana passada, de novos casos na África do Sul, país que faz fronteira com Moçambique.

Djamila Cabral acrescenta que a prioridade continua a ser a triagem nos aeroportos e postos de fronteira, na medida em que o “perigo virá de fora”.

“Estamos a concentrar as ações nas capitais provinciais porque temos a noção de que a pessoa [contaminada] virá de fora. Por isso, se nos aeroportos e fronteiras tivermos um serviço de triagem bom, vamos ter bons resultados e vamos obter a lista das pessoas que entram em Moçambique e para onde vão”, acrescentou.

A representante da OMS em Moçambique alertou também para os riscos da disseminação de notícias falsas sobre o Covid-19, numa sociedade onde o acesso a informação ainda é um desafio, principalmente nas zonas rurais.

“As pessoas estão ávidas de informação, querem saber o que se passa e qualquer informação que parece ter alguma lógica elas abraçam, mesmo sem pensar”, alertou Djamila Cabral.

O novo coronavírus responsável pela Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.600 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.

O número de infetados ultrapassou as 125 mil pessoas, com casos registados em cerca de 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 78 casos confirmados.

A China registou nas últimas 24 horas 15 novos casos de infeção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), o número mais baixo desde que iniciou a contagem diária, em janeiro.

Até à meia-noite de quarta-feira (16:00 horas em Lisboa), o número de mortos na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, subiu em 11, para 3.169. No total, o país soma 80.793 infetados.

Face ao avanço da pandemia, vários países têm adotado medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena inicialmente decretado pela China na zona do surto.

A Itália é o caso mais grave depois da China, com mais de 12.000 infetados e pelo menos 827 mortos, o que levou o Governo a decretar a quarentena em todo o país.

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