China regista inflação de 0,7%, maior aumento desde fevereiro de 2024

Pequim, 10 dez 2025 (Lusa) — O índice de preços no consumidor (IPC), principal indicador da inflação na China, subiu 0,7% em termos homólogos em novembro, registando o aumento mais elevado desde fevereiro de 2024.

Segundo dados divulgados hoje pelo Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE), o indicador confirma as expectativas da maioria dos analistas, após dois meses consecutivos de quedas seguidos por uma subida inesperada de 0,2% em outubro.

Em seis dos onze meses deste ano, o IPC chinês registou valores negativos, sendo que o maior aumento até agora tinha ocorrido em janeiro (+0,5%), precisamente um mês antes da queda mais acentuada do ano (-0,7%).

O risco de deflação assombra há dois anos a economia chinesa, suscitada por uma profunda crise imobiliária, que afetou o investimento e o consumo, numa altura em que o país se prepara para entrar no novo ano lunar.

A deflação consiste numa queda dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno reflete debilidade no consumo doméstico e investimento e é particularmente perigoso, já que uma queda no preço dos ativos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.

Outro dos efeitos é o de levar ao adiamento das decisões de consumo e investimento em resultado de expectativas de preços mais baixos no futuro, podendo criar uma espiral descendente de preços e procura difícil de inverter, afetando a economia por inteiro.

Apesar da subida em relação a novembro de 2024, a variação mensal foi negativa, com uma queda de 0,1%, contrariando as previsões dos analistas, que apontavam para uma repetição do aumento de 0,2% observado em outubro.

A estatística oficial Dong Lijuan atribuiu o crescimento homólogo ao aumento dos preços alimentares, que passaram de uma queda de 2,9% em outubro para uma subida de 0,2% em novembro. Destaque para os legumes frescos, cujo preço inverteu uma tendência de nove meses de quedas, subindo 14,5% após uma descida de 7,3% no mês anterior.

A inflação subjacente — que exclui os preços da energia e dos alimentos devido à sua volatilidade — manteve-se estável, com um aumento de 1,2% em termos homólogos.

Relativamente à queda mensal dos preços, Dong apontou o fim da chamada “Semana Dourada” — o período de férias após o Dia Nacional, celebrado a 1 de outubro –, que resultou numa descida sazonal dos preços dos serviços.

O GNE divulgou também o índice de preços na produção (IPP), que mede os preços à saída da fábrica. Após quatro meses de abrandamento nas quedas, o indicador aprofundou a tendência negativa em novembro, com uma descida homóloga de 2,2%.

A queda foi 0,1% superior à registada em outubro e ficou abaixo das previsões dos analistas, que antecipavam uma retração mais moderada de 2%.

Dong explicou a desaceleração com uma base comparativa elevada no mesmo período do ano passado, sublinhando, no entanto, que o dado mensal voltou a ser positivo: os preços industriais subiram pelo segundo mês consecutivo (+0,1%), impulsionados pela procura sazonal de carvão e gás natural e pela subida dos preços internacionais dos metais não ferrosos.

 

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