Chefe de diplomacia dos EUA insiste que plano de Trump para a Ucrânia não é uma “lista de desejos” russa

Washington, 23 nov 2025 (Lusa) — O chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, insistiu este sábado que o plano de resolução do conflito na Ucrânia anunciado esta semana é dos Estados Unidos e não corresponde apenas às exigências da Rússia, como afirmaram senadores americanos.

O secretário de Estado dos Estados Unidos negou as afirmações de três senadores norte-americanos, segundo os quais Rubio lhes terá dito que o plano corresponde a uma “lista de desejos” russa e não é da autoria de Washington.

“A proposta de paz foi redigida pelos Estados Unidos”, contestou o secretário de Estado na rede social X.

Este texto “apresenta um quadro sólido para as negociações. Baseia-se em elementos fornecidos pela parte russa, mas também em contribuições da Ucrânia”, argumentou ainda.

O porta-voz do Departamento de Estado, Tommy Pigott, tinha antes qualificado como “completamente falsas” as declarações de três senadores, o republicano Mike Rounds, o independente Angus King e a democrata Jeanne Shaheen, segundo os quais Rubio lhes teria confidenciado que o documento não corresponde à posição oficial dos Estados Unidos, mas representa simplesmente um ponto de partida para discussões.

Numa conferência de segurança no Canadá – Fórum Internacional de Segurança de Halifax – King disse que Rubio lhes disse numa chamada telefónica que o plano “não era o plano do governo”, mas uma “lista de desejos dos russos”.

“O secretário Rubio ligou-nos esta tarde. Penso que nos explicou muito claramente que somos os destinatários de uma proposta que foi transmitida a um dos nossos representantes. Não é a nossa recomendação. Não é o nosso plano de paz”, confirmou Mike Rounds.

“Este governo não foi responsável por esta versão na sua forma atual”, disse ainda Rounds. “Eles querem utilizá-la como ponto de partida”, acrescentou. “Para começar, parece que foi escrito em russo no início”, rematou o senador republicano.

Ainda em considerações sobre o plano, os três senadores afirmaram ainda que o texto apenas recompensaria Moscovo pela agressão e enviaria uma mensagem a outros líderes que ameaçam vizinhos.

A oposição dos senadores ao plano segue-se às críticas de outros legisladores norte-americanos, incluindo alguns republicanos.

“Recompensa a agressão, pura e simplesmente. Não há justificação ética, legal, moral ou política para a Rússia reivindicar o leste da Ucrânia”, afirmou King durante um painel de discussão no fórum em Halifax.

Putin acolheu a proposta na sexta-feira à noite, dizendo que “poderia formar a base de um acordo de paz definitivo”, se os EUA conseguissem que a Ucrânia e aliados europeus concordassem.

Zelenskyy não rejeitou o plano de imediato, mas insistiu num tratamento justo, ao mesmo tempo que se comprometeu a “trabalhar calmamente” com Washington e outros parceiros no que classificou como “um dos momentos mais difíceis” da história do país.

Donald Trump deu a Zelensky um prazo até 27 de novembro para Kiev dar resposta às soluções propostas, porém, este sábado, o Presidente norte-americano respondeu “não” à pergunta sobre se o seu plano era a sua “última oferta”.

“Estamos a tentar pôr fim a isto. De uma forma ou de outra, temos de pôr fim a isto”, afirmou Trump à imprensa, sem acrescentar detalhes.

Rubio é esperado hoje em Genebra, com o enviado especial de Donald Trump, Steve Witkoff, para discussões com ucranianos e europeus, que estão preocupados com o plano americano de 28 pontos que visa pôr fim a quase quatro anos de conflito provocado pela invasão russa.

O documento retoma várias exigências fundamentais da Rússia, nomeadamente que a Ucrânia lhe ceda territórios, aceite reduzir a dimensão do exército e renuncie à integração na NATO. Em contrapartida, oferece garantias de segurança ocidentais a Kiev para impedir novos ataques russos.

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