Casa Branca admite plano de paz para a Ucrânia “aceitável para ambas as partes”

Washington, 20 nov 2025 (Lusa) – A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou hoje que o plano de paz proposto pelos Estados Unidos é bom “tanto para a Rússia, como para a Ucrânia”.

“O Presidente (Donald Trump) apoia este plano. É um bom plano tanto para a Rússia como para a Ucrânia, e nós pensamos que é aceitável para ambas as partes”, disse Leavitt aos jornalistas, em resposta às informações de que o plano satisfaria Moscovo em vários pontos importantes.

A presidência ucraniana confirmou hoje ter recebido o que classificou como um “plano preliminar” dos Estados Unidos para pôr fim à guerra com a Rússia, depois de na quarta-feira ter sido noticiado por vários órgãos de informação internacionais, incluindo o portal de notícias norte-americano Axios, uma proposta de 28 pontos de Washington, que implica a cedência do território ucraniano ocupado pela Rússia e a redução das forças armadas da Ucrânia para 400 mil efetivos.

“O Governo está a falar tanto para um lado como para o outro”, insistiu a porta-voz.

Leavitt afirmou que o enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, e o chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, “trabalham em silêncio há um mês” neste projeto, para “compreender o que estes países estariam dispostos a fazer para alcançar uma paz duradoura”.

A Presidência ucraniana acrescentou no comunicado de hoje que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, planeia discutir “as possibilidades diplomáticas disponíveis e os principais pontos necessários para a paz” com Donald Trump “nos próximos dias”.

O plano inclui o reconhecimento das conquistas da Rússia na Ucrânia, onde ocupa cerca de 20% do território e prevê também a redução do exército ucraniano para metade e o abandono das armas de longo alcance, segundo a agência de notícias France-Presse.

Em reação, a presidência russa comentou hoje que a proposta norte-americana não traz “nada de novo” em relação ao que foi discutido na cimeira dos líderes dos Estados Unidos e da Rússia, em agosto no Alasca, apesar de o Axios indicar que foi preparada em articulação com Moscovo.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, recorreu a um jogo de palavras para responder evasivamente aos jornalistas que o questionaram sobre o assunto.

“Não existem hoje consultas propriamente ditas. Os contactos, sem dúvida, existem”, afirmou.

Peskov recorreu ainda à argumentação habitualmente usada por Moscovo sobre o conflito, observando que “qualquer momento é bom para uma resolução pacífica”, desde que a solução elimine as suas “causas profundas”.

A alta representante para os Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) rejeitou hoje, pelo seu lado, qualquer plano que não tenha o acordo da Ucrânia, enquanto país invadido, e a participação europeia, recordando a Washington de que, neste conflito, “há um claro agressor e uma vítima”.

Kaja Kallas disse, antes do início de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27, em Bruxelas, que o encontro iria debruçar-se sobre as “notícias recentes”.

 

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