
Praia, 18 dez 2025 (Lusa) — O Governo cabo-verdiano lançou hoje um projeto com o apoio do Japão para expandir o fornecimento de água potável, aumentar a eficiência hídrica e elevar em mais de 70% a capacidade de produção na ilha de Santiago.
“Estamos perante um investimento estruturante que cumpre o programa do Governo, num compromisso com a ilha de Santiago, com um montante elevado e com impacto significativo para as famílias e para a atividade económica”, afirmou o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, na cerimónia de lançamento na cidade da Praia.
O projeto, financiado em 100 milhões de dólares (cerca de 85 milhões de euros), visa atingir 100% de cobertura de água potável às famílias cabo-verdianas e reduzir perdas técnicas “ainda elevadas”.
“Estaremos a aumentar em mais de 70% a capacidade de produção em Santiago, que é significativa. Dois fatores são essenciais para o desenvolvimento sustentável: água e energia. Nestes setores temos estado a investir para atingir as metas traçadas, incluindo 35% de produção de eletricidade através de fontes renováveis já no próximo ano”, acrescentou o chefe do Governo, destacando a importância do Japão como parceiro estratégico.
O projeto abrange as zonas sul e norte da ilha de Santiago e inclui duas estações de dessalinização, reservatórios de armazenamento, estações de bombagem e câmaras de pressão, tomadas de água do mar com bombas.
O embaixador japonês em Cabo Verde, Akamatsu Takeshi, afirmou que a construção da central de dessalinização e da rede de distribuição de água permitirá estabilizar o abastecimento e melhorar o acesso a água potável em quatro municípios do sudoeste da ilha.
“Este é um passo essencial para a construção de uma sociedade mais segura e resiliente, preservando os limitados recursos hídricos subterrâneos numa nação insular vulnerável às alterações climáticas. O objetivo do Japão não se limita à construção de infraestruturas: trata-se de melhorar a vida quotidiana e promover o crescimento sustentável”, afirmou.
A execução ficará a cargo da Agência Nacional de Água e Saneamento (ANAS), que assume o papel de entidade gestora e responsável pela obra, com um prazo de 34 meses, e a empreitada será realizada pela Toyota Tsusho Corporation.
A falta de água tem sido um problema recorrente na Praia, transversal a todos os bairros da capital, com 145 mil habitantes.
Em novembro, famílias que vivem na capital de Cabo Verde, Praia, relataram à Lusa que não recebiam água da rede, nalguns casos há meses, apesar de continuarem a pagar faturas mensais à empresa de abastecimento.
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