Cabo Verde firme no cuidado e defesa dos direitos da diáspora

Praia, 04 jul 2025 (Lusa) – O Presidente de Cabo Verde assegurou hoje, num discurso à Nação por ocasião dos 50 anos da independência do país, que o Estado “continuará firme no cuidado e na defesa dos direitos dos cabo-verdianos espalhados pelo mundo”.

Num discurso em que se dirigiu “com particular ênfase e emoção” à “vasta e vibrante diáspora, a verdadeira décima primeira ilha” da “geografia afetiva” do arquipélago, José Maria Neves lembrou a atual conjuntura em que, “infelizmente, se agravam as atitudes hostis face às comunidades migrantes”.

Apelando “à prudência, ao escrupuloso respeito pelas leis dos países de acolhimento e à participação ativa na vida cívica dessas sociedades”, o chefe de Estado salientou que “a melhor forma de defesa é a excelência, a resposta mais firme à exclusão é a cidadania ativa e a mais nobre homenagem a Cabo Verde é viver com dignidade, elevação e exemplo em qualquer latitude do mundo”.

“O Estado cabo-verdiano continuará firme no cuidado e na defesa dos direitos dos cabo-verdianos espalhados pelo mundo. Cabo Verde é o porto seguro de todas as suas filhas e de todos os seus filhos, nas ilhas ou na diáspora”, declarou.

José Maria Neves salientou que nesta data se celebram “com orgulho cinco décadas de liberdade e de soberania”, mas também “o papel insubstituível da diáspora na edificação, projeção e consolidação” do destino comum.

Salientou o contributo “contínuo, generoso e insubstituível” dos cabo-verdianos espalhados pelo mundo, que vai para além das remessas financeiras, desempenhando um papel na mobilização de investimentos, fomento de parcerias e difusão de uma imagem positiva de Cabo Verde, ao mesmo tempo que são “fermento de ideias, de políticas, de inovações, de crescimento, de transformação”.

“Esse papel deve ser reconhecido e elevado à condição de ativo estratégico da nossa diplomacia contemporânea”, frisou.

Por outro lado, realçou a importância da Cultura, da música – “com os seus ritmos únicos, do batuco à morna” – à gastronomia – “onde a cachupa alimenta encontros de saudade” -, às artes e ao crioulo – “falado com orgulho em todos os continentes” -, elogiando a produção cultural da diáspora que projeta Cabo Verde “com dignidade, criatividade e brilho”.

“É notável como os cabo-verdianos se integram plenamente nas sociedades de acolhimento, sem jamais renunciarem aos traços essenciais da sua pertença cultural”, salientou, exemplificando com a elevação do “Kola San Jon” (celebração que ocorre todos os anos no bairro do Alto da Cova da Moura) a património imaterial da cidade de Lisboa.

Estima-se que vivam fora do país 1,5 milhões de cabo-verdianos e descendentes, cerca do triplo da população residente no arquipélago, que ronda os 500 mil habitantes.

As comemorações do 50.º aniversário da independência de Cabo Verde decorrem hoje e sábado, assinalando meio século desde a proclamação da independência, em 05 de julho de 1975, desta antiga colónia portuguesa.

O programa, no sábado, inclui uma sessão solene na Assembleia Nacional, deposição de coroas de flores no memorial de Amílcar Cabral, desfile militar e civil, concertos, exposições e atividades culturais e gastronómicas em todas as ilhas do arquipélago.

Entre os convidados estrangeiros confirmados estão os Presidentes de Portugal, da Guiné-Bissau e do Senegal, o grão-duque do Luxemburgo e a subsecretária-geral das Nações Unidas, que discursarão numa sessão especial ao final da tarde de sábado.

 

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