BRASIL QUEBRA SIGILO DE INVESTIGADOS POR INVASÃO AO SISTEMA INFORMÁTICO DO TSE

São Paulo, 30 nov 2020 (Lusa) – A justiça eleitoral do Brasil determinou a quebra dos sigilos informáticos dos brasileiros suspeitos de participarem de ataques contra o sistema informático do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do país, alegadamente comandados pelo ‘hacker’ português Zambrius.

Segundo informações divulgadas pela TV Globo, o afastamento do sigilo dos dados de três suspeitos investigados no país sul-americano atendeu a um pedido da Polícia Federal.

A partir desse material, os investigadores pretendem estabelecer a relação destes brasileiros com o alegado ‘hacker’ português, conhecido como Zambrius, que terá liderado o ataque contra o sistema informático do TSE antes da primeira volta das eleições municipais do Brasil, em 15 de novembro.

No sábado, uma operação da polícia brasileira em parceria com a polícia portuguesa prendeu em Portugal o ‘hacker’ de 19 anos, que já estava há seis meses em prisão domiciliária, acusado de praticar outros crimes cibernéticos.

Segundo informações divulgadas pelo portal de notícias G1, a conexão entre Zambrius com os ‘hackers’ brasileiros foi estabelecida a partir de publicações na Internet e trocas de mensagens.

Após os primeiros contactos, o pirata português teria enviado um ‘link’ do TSE para seus aliados brasileiros, que identificaram uma área a ser atacada no sistema informático do tribunal.

O G1 relatou que agentes da polícia descobriram sete conexões entre o ‘hacker’ português e os brasileiros em 15 novembro e outras 10 conexões em 19 de novembro.

No sábado, a Polícia Judiciária (PJ) portuguesa, num inquérito dirigido pelo Departamento Central e Investigação e Ação Penal (DCIAP), em sintonia com a Polícia Federal brasileira, informou que “efetuou uma operação policial internacional com o objetivo de causar disrupção em grupos organizados que operavam no ciberespaço”.

Da operação “resultou a identificação e detenção de um cidadão português com 19 anos”, em território nacional, e “foram identificados e detidos três indivíduos”, entre os 19 e os 24 anos, em território brasileiro, “que se dedicavam à prática continuada de crimes de acesso indevido, dano informático e sabotagem informática”, acrescentou.

Da cooperação entre as autoridades, foram apreendidos meios informáticos e recolhida informação pertinente.

A PJ frisou ainda que prossegue as investigações para deteção e identificação de outros responsáveis nas operações.

“O detido português vai ser presente às autoridades judiciais para efeitos de primeiro interrogatório judicial, para efeitos de aplicação de medida de coação”, concluiu a polícia portuguesa.

No domingo, o presidente do TSE, Luis Roberto Barroso, disse que não houve nenhum ataque cibernético bem-sucedido contra o sistema eleitoral do país.

“Relativamente à segunda volta [das eleições municipais] a observação importante é que não houve nenhum ataque [cibernético] bem-sucedido, como não houvera, aliás, na primeira volta”, afirmou Barroso, após o fim do apuramento dos votos.

“[Não houve] nenhum ataque bem-sucedido ao sistema eleitoral e mesmo nenhum ataque bem-sucedido ao sistema do Tribunal Eleitoral”, acrescentou.

Já o diretor-geral da Polícia Federal do Brasil, delegado Rolando Alexandre de Souza, que também estava presente na conferência de imprensa do TSE, disse que não podia dar detalhes sobre as investigações, mas que a polícia está concentrada em provas recolhidas e nas atividades do ‘hacker’ português.

“Temos hoje uma investigação em relação ao ataque do denominado ‘hacker’ Zambrius. A investigação foi focada neste ataque e graças a uma cooperação, foi uma operação bem-sucedida”, salientou Alexandre de Souza.

De acordo com o delegado brasileiro, “a chave do negócio foi a rapidez na identificação não só do Zambrius como dos ‘hackers’ brasileiros que o auxiliaram” no ataque, “que dependeu muito de um trabalho entre a área de informática do TSE e a polícia portuguesa”.

“Agora estamos em função de todo material que foi colhido nas buscas, aprofundado as investigações. A investigação é focada na questão do Zambrius, nada mais”, concluiu Souza.

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