
Maputo, 24 out 2025 (Lusa) – A Blue Forest, especializada em projetos de carbono azul, anunciou hoje estar a plantar cerca de 40 milhões de árvores de mangal, num investimento de cinco milhões de dólares (4,3 milhões de euros) no centro de Moçambique.
“Nesta altura, nós estamos ativamente envolvidos na implementação da primeira fase”, avançou Jorge Mafuca, diretor nacional da empresa Blue Forest, com sede no Dubai, explicando que o projeto MozBlue está a decorrer na província de Zambézia.
Segundo o responsável, que falava durante um workshop sobre o carbono azul, em Maputo, na sua primeira fase, o projeto, aprovado em setembro do ano passado pelo Governo moçambicano, vai abranger dois dos oito distritos previstos daquela província do centro do país.
“Os dois primeiros distritos de intervenção desse projeto são Quelimane e Namacurra e nestes dois distritos a intenção é abranger, é restaurar, 5.116 hectares e implantar à volta de 40 milhões de plantas de mangal, com um financiamento mínimo de cinco milhões de dólares”, explicou.
Sem avançar a data do fim da primeira etapa, Mafuca descreveu que o processo de implementação deste projeto começa com “atividades preparatórias”, permitindo a delimitação de terras comunitárias, envolvimento comunitário e negociação dos acordos de terras de mangal, que são realizados entre a empresa e as comunidades.
“Para podermos ter uma base de trabalho para as comunidades, é preciso que as comunidades tenham a certificação de que elas são donas da terra. E é por causa disso que decorre o processo de delimitação de terras comunitárias, que depois eventualmente resulta na emissão de certificados de posse de terra, que são emitidos para as diferentes comunidades”, disse.
De acordo com a Blue Forest, até agosto, pelo menos 1.200 hectares já tinham sido restaurados e 2,3 milhões de árvores plantadas.
“Só que isto é plantio. De plantio para sucesso há alguma distância (…) Passados seis meses fizemos um exercício de validação e nesse exercício de validação da área plantada, nós encontramos que as taxas de sobrevivência das espécies que foram plantadas foi variando de espécie para espécie”, avançou.
Para o responsável, um dos grandes problemas é que as áreas de mangal em restauração foram degradadas por “razões antropogénicas”, onde as comunidades cortam o mangal por necessidades sociais e económicas.
“Então, uma das principais atividades, além do plantio, é realmente implementar programas sociais que sejam alternativas ao uso sustentável do mangal”, acrescentou.
O Governo de Moçambique aprovou, em setembro de 2024, um projeto para plantar 200 milhões de árvores de mangal no país nos próximos 60 anos, e o projeto arrancou em novembro, conforme anunciou na altura o promotor.
“Vamos começar a plantar o primeiro dos 200 milhões de mangais em Quelimane, na Zambézia, em novembro, em linha com o início da época das chuvas em Moçambique”, disse anteriormente o fundador e diretor executivo da Blue Forest, Vahid Fotuhi.
O projeto é a maior concessão de mangais em África, acrescentou a empresa, em comunicado, assinalando que obteve a licença necessária do Governo moçambicano após dois anos e meio de estudos de viabilidade.
O vasto ecossistema de mangais ao longo de cerca de 2.000 quilómetros da costa de Moçambique tem sido danificado por ciclones e inundações, bem como pelo abate de árvores e desflorestação, mas, nos próximos 60 anos, o projeto MozBlue deverá permitir a captura de 20,4 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), contribuindo para os esforços de redução das alterações climáticas, assegurou Fotuhi.
LCE (MBA) // VM
Lusa/Fim
