BANCA ALERTA PARA PERDA DE COMPETITIVIDADE GERADA PELAS CONTRIBUIÇÕES PARA FUNDO DE RESOLUÇÃO

Redação, 20 nov 2020 (Lusa) — O presidente executivo do Millennium BCP, Miguel Maya, e o administrador executivo do Santander, Miguel Belo de Carvalho, afirmaram hoje ser insustentável a perda de competitividade que as contribuições para o fundo de resolução implicam para a banca.

“A grande preocupação é que está ali um custo que não é sustentável e que coloca os bancos a operar em Portugal, que criam emprego e prosperidade para Portugal, que pagam impostos em Portugal, numa situação que não é competitiva nem equilibrada. E tudo isto penaliza, depois, a nossa capacidade de fazermos os investimentos necessários para nos modernizarmos”, afirmou Miguel Maya durante a conferência ‘online’ “A Banca no pós-covid-19”, promovida pelo Dinheiro Vivo e TSF.

No caso do BCP, precisou, os custos adicionais para o fundo de resolução “ascendem a 47 milhões de euros por ano, ou seja, mais do que o orçamento para o banco fazer novos desenvolvimentos tecnológicos, o que não é sustentável”.

Para o CEO do BCP, “um fundo de resolução faz todo o sentido”, mas não nos moldes atuais: “Nós contribuímos com um montante muito expressivo para um outro fundo de resolução, que é o fundo de resolução europeu, e que faz todo o sentido porque foi criado de raiz para um evento. Aqui não, deu-se o evento primeiro [resolução do BES] e depois criou-se o fundo, é uma situação completamente anacrónica”.

“Na perspetiva do BCP isto não é sustentável e o que não é sustentável em algum momento tem de ser corrigido. Portanto somos muito insistentes para a necessidade de, de uma vez por todas, haver coragem política para se alterar esta desvantagem competitiva que é criada aos bancos que criam valor para a comunidade portuguesa”, sustentou.

“É preciso tomar as decisões de forma que este fardo seja distribuído de uma forma mais equitativa, não pelos contribuintes portugueses, isso está fora de questão, mas por todos aqueles que prestam serviços financeiros aos portugueses”, acrescentou.

Na mesma linha, o administrador executivo do Santander, Miguel Belo de Carvalho, afirmou que “o fundo de resolução, bem como as contribuições especiais da banca, pesam nos custos dos bancos de uma forma significativa”, retirando-lhes “muita capacidade de investimento”.

“Estamos a falar de entre 15% a 20% no total de custos, o que nos retira capacidade de resposta”, disse.

Precisando que, “por cada 50 milhões que se põem no fundo de resolução, são, diretamente, menos 600, 700 ou 800 milhões de euros de crédito disponível ao mercado”, Miguel Belo de Carvalho salientou: “Se multiplicar isto por cinco, estamos a falar de, por ano, menos 2,5 ou três mil milhões de capacidade de crédito que o sistema bancário presta ao mercado”.

PD // EA

Lusa/Fim