
Caracas, 26 out 2025 (Lusa) — O arcebispo de Caracas, Baltazar Porras, queixou-se hoje de as autoridades locais o impedirem de celebrar uma missa a um santo declarado pelo papa Leão XIV, José Gregório Hernández.
A denúncia foi feita pelo próprio através das redes sociais e tem lugar num contexto de crescentes tensões entre os bispos católicos e o Governo venezuelano, com a Igreja a pedir a libertação dos presos políticos e a queixar-se de que o regime tenta politizar a canonização de José Gregório Hernández.
Num vídeo divulgado na plataforma Instagram, Baltazar Porras indicou que “é tradição da Igreja que, após a canonização se celebrem missas de ação de graças nos lugares onde os novos santos viveram”.
Acrescentou que foi convidado para celebrar a festa litúrgica de José Gregório Hernández na sua localidade natal – Isnotú, estado de Trujillo -, mas que na noite de ontem, a Conferência Episcopal recebeu um telefonema do vice-ministro de Cultos, (Edgar Arteaga), advertindo que “não era conveniente que estivesse presente em Isnotú, porque havia informações sobre distúrbios”.
“Mais tarde, fui notificado por WhatsApp e e-mail sobre o cancelamento do voo da Conviasa [que o levaria até ao sítio], embora o avião tenha partido e chegado normalmente a Valera, Trujillo”, explica.
Perante essa situação, Baltazar Porras decidiu viajar num voo privado, “no entanto, durante o trajeto, os pilotos foram informados de que deveriam aterrar em Barquisimeto devido a ventos muito fortes no aeroporto de Valera”, apesar de o terminal continuar “a funcionar normalmente e a receber diferentes voos”.
No vídeo, o arcebispo denunciou uma forte presença militar no aeroporto de Barquisimeto e que a aeronave em que viajava “foi cercada por um grande número de oficiais armados até aos dentes”, apesar de no interior estarem apenas cinco pessoas.
Baltazar Porras referiu ainda que tentou alugar uma viatura para terminar a viagem até ao destino, mas que “foi vetado pelas forças públicas” que os impediram sair de onde estavam por “ordens superiores”.
“Estávamos praticamente confinados”, sublinhou o bispo, que acusou as autoridades venezuelanas de “uma violação de um direito fundamental” e questionou “qual o crime que foi cometido para que fosse impedido de cumprir um dever religioso”.
Em 19 de outubro, o Papa Leão XVI canonizou os primeiros santos da Venezuela, o ‘médico dos pobres’ José Gregório Hernández e a religiosa Madre Carmen Rendiles.
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