Angola quer ligar principais infraestruturas com ferrovias

Genebra, 22 out 2025 (Lusa) – Angola quer ligar as suas principais infraestruturas com ferrovias para facilitar o comércio dentro do país e com os vizinhos na região, disse hoje em Genebra, Suíça, o ministro dos Transportes angolano, Ricardo Viegas d´Abreu.

“No que diz respeito ao comércio em particular, no plano mestre definimos como integrar estas grandes infraestruturas [portos, caminhos-de-ferro, aeroportos e estradas] e permitir a sua expansão, não apenas dentro do país, mas também ligando-as aos países vizinhos”, referiu o ministro angolano, numa mesa-redonda na 16.ª Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD16).

Angola tem uma linha costeira de 1.600 quilómetros e os três principais portos – Luanda, Lobito e Namibe – estão ligados por caminhos-de-ferro.

Segundo o ministro, o plano do Governo angolano é estender a ligação ferroviária aos países vizinhos, como acontece com o Corredor de Lobito, no norte, que já está em funcionamento e liga o sul da República Democrática do Congo e o noroeste da Zâmbia.

Para a concretização dos planos, acrescentou, Angola quer investimento do setor privado para expandir o Corredor do Lobito – que pode no futuro ligar a costa do Atlântico ao Índico – e onde já criaram um agência composta pelos três países envolvidos para facilitar o transporte, o movimento de mercadorias e a logística.

O Presidente de Angola, João Lourenço, inaugurou uma nova infraestrutura portuária no Namibe, no sul do país.

De acordo com Ricardo Viegas d´Abreu, o Governo “vai lançar nas próximas semanas um concurso internacional para a concessão da infraestrutura, que está ligada à ferrovia” e onde querem promover a ideia de estender o corredor aos países vizinhos, como a Namíbia e a Zâmbia.

O desafio para Angola, de acordo com o ministro dos Transportes, é a forma como o país conseguirá “promover a integração dos corredores” e “garantir o investimento necessário para o fazer”.

Na próxima semana, Angola vai participar num fórum, no Ruanda, para discutir como os países africanos “podem reduzir o défice de infraestruturas, que atualmente limita a capacidade do comércio intra-africano e acarreta custos logísticos muito elevados em todo o continente”, avançou Ricardo Viegas d´Abreu, acrescentando que o comércio intra-africano representa apenas 3% do total do comércio no continente.

O ministro angolano mencionou também que além da ligação entre as principais linhas ferroviárias, o plano é “a digitalização, essencial para acelerar processos e facilitar o comércio, e (…) a sustentabilidade associada [à construção e manutenção de ferrovias]”.

A 16.ª sessão da UNCTAD decorre até quinta-feira, em Genebra, Suíça, com o tema “Moldar o futuro: impulsionar a transformação económica para um desenvolvimento equitativo, inclusivo e sustentável”.

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