
Berlim, 24 out 2025 (Lusa) – Os governadores dos Bancos Nacionais da Alemanha e de França defenderam hoje que o euro digital é um instrumento necessário à soberania e independência da União Europeia, face a inovações semelhantes em países como Estados Unidos.
“Acreditamos que na Europa precisamos desta resposta e somos pioneiros no desenvolvimento do que chamamos euro digital, tanto para uso no retalho como grossista”, disse o presidente do banco central francês, François Villeroy de Galhau, na conferência Berlin Global Dialogue, em Berlim, na Alemanha.
Por seu lado, o presidente do banco central alemão, Joachim Nagel, defendeu que este instrumento de pagamento é necessário até para “evitar uma situação que acabe em algum tipo de turbulência financeira”.
O Banco Central Europeu (BCE) lançou o projeto do euro digital em 2021 e, esta quinta-feira, os chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) defenderam, na cimeira de Bruxelas, a aceleração da adoção do euro digital.
Os bancos centrais da zona euro querem emitir as suas próprias moedas digitais com o objetivo de melhorar o sistema de pagamentos face ao aumento dos pagamentos eletrónicos e ao declínio da utilização de dinheiro em numerário.
Ao mesmo tempo, também acreditam que a criação de instrumentos de pagamento eletrónico privados não regulamentados, como as ‘stablecoins’ (criptomoedas estáveis, que procuram manter um valor constante em relação a um ativo como euro ou dólar), pode comprometer a estabilidade financeira.
Para o presidente do Bundesbank (banco central alemão) é preciso não esquecer o que aconteceu em 2008, quando o colapso do banco de investimento norte-americano Lehman Brothers desencadeou uma crise financeira mundial com graves consequências também na Europa.
“Precisamos de uma resposta digital para um ambiente que se está a tornar cada vez mais digital à nossa volta”, salientou Nagel.
O banqueiro alemão considerou ainda que tal também se trata de “soberania nacional”, pois a maioria dos dados financeiros está alojada no estrangeiro, principalmente nos Estados Unidos, e a Europa “precisa de uma certa independência”.
Nagel explicou que não haverá grandes mudanças para os utilizadores, pois poderão utilizar o euro digital da sua conta bancária atual e pagar através de uma aplicação móvel da sua instituição financeira local.
O alemão exemplificou que, nos voos atuais, o serviço de bordo já não é pago em dinheiro, mas com Visa, Mastercard, Apple Pay ou PayPal, considerando que no futuro também deveria poder ser pago com euro digital.
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