Afeganistão: Conselho de Segurança condena atentado e quer julgamento de autores

Nações Unidas, 27 ago 2021 (Lusa) — O Conselho de Segurança da ONU condenou hoje os atentados bombistas em Cabul, que provocaram pelo menos 95 mortos e 150 feridos, e apelou à cooperação de “todos os Estados” para levar os autores à justiça.

“Os membros do Conselho de Segurança sublinharam a necessidade de responsabilizar e levar à justiça os autores, organizadores, financiadores e patrocinadores destes criminosos atos terroristas”, segundo um comunicado da ONU, citado pelas agências France-Presse e EFE.

Os membros do Conselho de Segurança “condenam nos termos mais veementes os deploráveis ataques” perto do Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul.

O Conselho de Segurança disse que todas as partes devem respeitar as suas obrigações ao abrigo do direito humanitário internacional em todas as circunstâncias, incluindo a proteção da população civil.

“Os membros do Conselho de Segurança reafirmam que o terrorismo, em todas as suas formas e manifestações, constitui uma das mais graves ameaças à paz e segurança internacionais. Atacar deliberadamente civis e pessoal que ajuda na retirada de civis é particularmente abominável e deve ser condenado”, lê-se no comunicado.

O Conselho de Segurança salientou a importância de combater o terrorismo no Afeganistão para garantir que o seu território não será usado para atacar outros países

Disse também que nenhum grupo ou cidadão afegãos devem apoiar terroristas que operem noutro país.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, já tinha condenado o atentado em Cabul na quinta-feira, e convocou uma reunião do Conselho de Segurança para segunda-feira, para discutir a situação no Afeganistão

“O incidente realça a volatilidade da situação no Afeganistão, mas também fortalece a nossa determinação, enquanto continuamos a levar ajuda urgente por todo o país para apoiar o povo afegão”, disse então Stéphane Dujarric, porta-voz do antigo primeiro-ministro português.

O ataque terrorista em Cabul foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico da Província de Khorasan (ISKP, na sigla em inglês).

Horas depois do ataque, em que morreram 13 militares norte-americanos, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu que os autores iriam pagar pelo ataque.

“Não esqueceremos, não perdoaremos e vamos caçar-vos e fazer-vos pagar”, disse Joe Biden.

“Vamos responder com precisão num momento à nossa escolha. Vocês não vão ganhar”, acrescentou.

Os Estados Unidos e os seus aliados invadiram o Afeganistão em outubro de 2001, depois de os talibãs se terem recusado a entregar o então líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, considerado o principal responsável pelos ataques terroristas de 11 de setembro, que tinham acolhido no país.

A invasão também pôs fim ao primeiro governo dos talibãs (1996-2001), que regressaram ao poder no passado dia 15 de agosto, após uma ofensiva que coincidiu com o início da retirada das forças internacionais.

A operação de retirada dos militares dos Estados Unidos terá de estar concluída até à próxima terça-feira, 31 de agosto.

Milhares de afegãos com medo dos talibãs têm afluído diariamente ao aeroporto de Cabul desde 15 de agosto, de onde as forças internacionais retiraram mais de 100.00 pessoas desde então.

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