Mercosul adverte UE que sem acordo no sábado dará prioridade a outros parceiros

São Paulo, 18 dez 2025 (Lusa) – O Brasil, que detém a presidência rotativa do Mercosul, advertiu hoje que se a União Europeia (UE) não assinar o acordo comercial no sábado, o bloco sul-americano passará a priorizar as negociações com outros países.

“Se [o acordo] não for concluído, não há mais nada a negociar e vamos direcionar a nossa atenção e energia para outros parceiros importantes que estão na fila”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil, Mauro Vieira, alertando que passarão a dar prioridade às negociações comerciais com aqueles que demonstraram um “grande interesse” em estreitar laços com o Mercosul.

O chefe da diplomacia brasileira espera que os países mais céticos em relação ao acordo de livre comércio com os sul-americanos reconsiderem a sua posição e deem luz verde para que seja assinado ainda este ano.

O ministro precisa receber hoje o apoio do Conselho da UE, mas a forte oposição de França e as recentes dúvidas da Itália deixaram em aberto a assinatura do tratado, prevista para este sábado na cimeira semestral do Mercosul, que será realizada na cidade de Foz do Iguaçu, no sul do Brasil.

Na quarta-feira, o chefe de Estado brasileiro, Luís Inácio Lula da Silva, fez um ultimato à UE, avisando que “se não for agora, o Brasil não fará mais o acordo”, enquanto estiver no cargo.

Mauro Vieira atribuiu a rejeição de França e Itália às pressões dos setores agrícolas, que temem perder mercado e competitividade face aos produtos do Mercosul, integrado pela Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, com a Bolívia em processo de adesão.

Segundo o ministro, o acordo, que criaria uma zona de comércio livre com cerca de 720 milhões de habitantes, assume especial relevância num momento de desequilíbrio nas relações internacionais devido aos “ataques ao multilateralismo”.

“O acordo criará uma rede de proteção para a UE e o Mercosul, e fortalecerá as nossas relações. Vai proteger-nos muito mais”, insistiu.

Entre os possíveis parceiros, Vieira mencionou o Canadá, Reino Unido, Japão, Malásia, Indonésia e Vietname, bem como outros que desejam atualizar os acordos com o bloco sul-americano, como a Índia.

DGYP (NYC) // JMC

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