PR moçambicano pede às autoridades da Guiné-Bissau iniciativas para solução consensual

Maputo, 16 dez 2025 (Lusa) – O Presidente moçambicano pediu hoje às autoridades guineenses iniciativas políticas para alcançar soluções consensuais, tendo apoiado na cimeira extraordinária da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) a suspensão da Guiné-Bissau das atividades da organização.

Daniel Chapo, que participou na cimeira que reuniu, em formato virtual, todos os chefes de Estado da CPLP, à exceção do de Angola por razões de agenda, quis “destacar que os Estados-membros da CPLP estão sempre disponíveis, em particular Moçambique, para trabalhar com a Guiné-Bissau para a reposição da ordem constitucional e para permitir que o povo volte a viver em paz e em harmonia”.

Na cimeira extraordinária, a CPLP elegeu Timor-Leste para assumir, temporariamente, a presidência da organização e suspendeu a Guiné-Bissau das suas atividades.

Na declaração final da cimeira , enviada à agência Lusa, a CPLP exigiu também “com caráter de urgência, a apresentação de prova de vida e garantias quanto à integridade física de todas as pessoas detidas no contexto da atual crise política, bem como a libertação imediata e incondicional”.

Chapo juntou-se aos demais representantes máximos dos Estados-membros da CPLP que na cimeira extraordinária, presidida pelo Presidente da República de São Tomé e Príncipe, no quadro da ‘troika’ da organização, tomaram as decisões “por amplo consenso”, como referiu Carlos Vila Nova em declarações à imprensa no final.

O Presidente de Moçambique defendeu durante a cimeira que as autoridades guineenses “devem aplicar outras iniciativas políticas, incluindo o diálogo, para encontrar soluções consensuais”.

Daniel Chapo sublinhou que as decisões tomadas são “fundamentais” para manter a credibilidade da comunidade, que assenta no compromisso com a “defesa da democracia, do Estado de direito e da estabilidade institucional dos Estados-membros”.

Um autodenominado “alto comando militar” tomou o poder a 26 de novembro, três dias depois das eleições gerais (presidenciais e legislativas) e um dia antes da data anunciada para a divulgação dos resultados na Guiné-Bissau.

A oposição e figuras internacionais têm afirmado que o golpe de Estado foi uma encenação orquestrada pelo então Presidente, Umaro Sissoco Embaló, por alegadamente ter sido derrotado nas urnas, impedindo assim a divulgação de resultados e mandando deter de forma arbitrária diversas figuras que apoiavam o candidato que reclama vitória, Fernando Dias.

Entre os detidos está Domingos Simões Pereira, presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), enquanto Fernando Dias está refugiado na embaixada da Nigéria, em Bissau.

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