
Maputo, 10 dez 2025 (Lusa) – O Unicef estimou hoje que quase 1,8 milhões de moçambicanos, dos quais um milhão são crianças, vão necessitar de “assistência vital” em 2026, solicitando 58,8 milhões de dólares (50,5 milhões de euros) para “investimentos significativos”.
“A deslocação, a insegurança alimentar, os surtos de cólera e os riscos de proteção persistem, afetando desproporcionalmente as mulheres, as raparigas e as pessoas com deficiência. Quase 1,8 milhões de pessoas — incluindo 1 milhão de crianças — vão necessitar de assistência vital em 2026”, lê-se num relatório do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef).
De acordo com aquela agência da ONU, a intensificação dos conflitos armados, choques climáticos e as emergências de saúde pública continuam a impulsionar as necessidades humanitárias urgentes em Moçambique e, para o próximo ano, a Unicef dará prioridade a respostas integradas e baseadas na comunidade.
“A Unicef está a solicitar 58,8 milhões de dólares (50,5 milhões de euros) para 2026, sendo necessários investimentos significativos em água, saneamento e higiene, nutrição, educação e proteção infantil para chegar a 1,2 milhões de pessoas, incluindo 866 mil crianças, com apoio vital e outros serviços essenciais”, refere-se.
Segundo aquele organismo humanitário, a estratégia parte pelo alargamento do tratamento da cólera e da subnutrição, a expansão da assistência humanitária em dinheiro e o reforço dos sistemas locais de prestação de serviços e de responsabilização.
O apoio inclui também áreas transversais, como a proteção contra a exploração e o abuso sexual, a responsabilização perante as populações afetadas e o envolvimento dos adolescentes, são integradas para garantir uma resposta inclusiva e baseada nos direitos humanos.
“Sem financiamento contínuo, as intervenções vitais de nutrição, água, saneamento e higiene a proteção para milhares de crianças serão interrompidas”, conclui-se.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) alertou na terça-feira para “lacunas importantes” na resposta humanitária aos afetados pela seca em Moçambique face ao défice de financiamento, tendo conseguido apenas 14% dos 190,6 milhões de euros solicitados em 2024.
“Persistem lacunas importantes na resposta humanitária devido ao financiamento insuficiente recebido”, referia-se no relatório da OIM.
Em setembro de 2024, aquela agência das Nações Unidas (ONU) lançou um apelo de 222 milhões de dólares (190,6 milhões de euros) para atender às necessidades humanitárias urgentes nos distritos mais severamente afetados pela seca causada pelo `El Ninõ´. Entretanto, até o final de outubro deste ano, foram garantidos apenas 31 milhões de dólares [26,6 milhões de euros], segundo a OIM.
Para a OIM, esses números ressaltam também “lacunas críticas” em setores vitais e destacam a necessidade urgente de recursos adicionais para garantir uma resposta coordenada e multissetorial, já que “o apelo contra a seca continua gravemente subfinanciado”.
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