
Maputo, 03 dez 2025 (Lusa) – A atividade económica em Moçambique recuou 0,85% no terceiro trimestre, em termos homólogos, acumulando um ano de quedas consecutivas, segundo dados divulgados hoje pelo banco central.
“A queda da atividade económica no terceiro trimestre de 2025, medida pela variação anual do Produto Interno Bruto (PIB), continua a refletir os efeitos da tensão pós-eleitoral, com maior impacto sobre os sectores secundário e terciário. Na ótica da despesa, a contração do PIB resulta sobretudo da redução do investimento e do consumo privado”, refere uma nota do Banco de Moçambique, citando dados do Instituto Nacional de Estatística.
A economia moçambicana já tinha registado uma contração de 5,68% no quarto trimestre de 2024, período de forte contestação às eleições gerais de 09 de outubro, seguindo-se ainda quedas de 3,92% e 0,94%, respetivamente, no primeiro e segundo trimestres deste ano.
O Governo moçambicano admite um cenário financeiro “substancialmente mais adverso” face ao previsto na proposta do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE)para 2026, cortando as previsões de crescimento para 1,6% este ano, assim como as receitas esperadas em 2026.
“No contexto de reforço da transparência orçamental e sustentabilidade das finanças públicas, mostrou-se necessária a adequação das estimativas macrofiscais a um contexto económico e financeiro substancialmente mais adverso do que aquele que sustentou a formulação inicial do PESOE 2026 já submetido”, refere a nota.
No documento, que revê a proposta entregue em outubro ao Parlamento, o Governo refere que “do trabalho realizado, constatou-se a necessidade de proceder a um ajuste em baixa da receita do Estado”, no montante global de 14,9 mil milhões de meticais (200,6 milhões de euros), “o que, por sua vez, ditou o correspondente alinhamento a nível da despesa pública”.
“A revisão da Proposta do PESOE 2026, fundamenta-se na necessidade de incorporar os mais recentes desenvolvimentos do contexto macroeconómico nacional, particularmente no que respeita à revisão das projeções de crescimento económico, a dinâmica da arrecadação de receitas fiscais e ao ajustamento das principais variáveis orçamentais”, lê-se.
A projeção da receita do Estado passa a ser 406.969,4 milhões de meticais (5.481 milhões de euros) em 2026, equivalente a 24,9% do PIB, a despesa do Estado passa a ser de 520.634,2 milhões de meticais (7.012 milhões de euros), 31,8% do PIB, enquanto o défice orçamental se mantém em 113.664,9 milhões de meticais (1.530 milhões de euros), equivalente a 7,0% do produto.
“Projeta-se uma recuperação do crescimento económico para 2,8% em 2026, face à previsão de 1,6% para 2025, sustentado principalmente pela expansão do setor de serviços, crescimento das exportações de Gás Natural Liquefeito (GNL), bem como pelo dinamismo do setor agrário e investimentos significativos do setor de energia”, acrescenta o Governo na proposta orçamental.
O Governo anunciou em 25 de novembro, após aprovação desta revisão, que vai cortar gastos em projetos de investimento não prioritários no Orçamento do Estado para 2026.
Na lei do PESOE de 2025 – aprovada apenas em maio, devido às eleições gerais de outubro de 2024 – o Governo previa um crescimento económico de 2,9% este ano (1,9% em 2024).
Na proposta orçamental para 2026 é apontada uma previsão de exportações de bens no valor de 8.436 milhões de dólares (7.270 milhões de euros) e Reservas Internacionais Brutas de 3.234 de milhões de dólares (2.787 milhões de euros), equivalentes a 4,4 meses de cobertura das importações de bens e serviços, excluindo os megaprojetos.
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