Reservas internacionais de Moçambique recuam 1% em setembro

Maputo, 24 nov 2025 (Lusa) – As Reservas Internacionais Líquidas (RIL) moçambicanas recuaram 1% em setembro, para 3.937 milhões de dólares (3.396 milhões de euros), após máximos de quatro anos em agosto, indicam dados do banco central obtidos pela Lusa.

Estas reservas — divisas, em moeda estrangeira – tinham registado em fevereiro o valor mais baixo em cerca de um ano, recuando para 3.593 milhões de dólares (3.100 milhões de euros), segundo o histórico de um relatório estatístico do Banco de Moçambique.

Seguiram-se seis subidas mensais consecutivas, chegando a 3.995 milhões de dólares (3.446 milhões de euros) em julho e voltando renovar máximos em agosto, de 4.035 milhões de dólares (3.480 milhões de euros), cobrindo então mais de três meses das necessidades estimadas de importações bens e serviços, antes desta descida, em setembro.

O governador do banco central, Rogério Zandamela, anunciou em 31 de julho que a instituição estava a adotar medidas para aumentar a fluidez no mercado cambial, tentando redistribuir o volume de divisas disponíveis para garantir as importações.

“Essas medidas não são mais nada que ajustar daqui, tirar daqui, certos recursos, pôr no outro e acompanhar melhor”, explicou o governador, em conferência de imprensa, em Maputo, no final de uma reunião do Comité de Política Monetária (CPMO).

“Perspetiva-se um aumento da fluidez no mercado cambial. Com vista a impulsionar as vendas ao público, o Banco de Moçambique reduziu recentemente os limites de retenção diária de divisas adquiridas pelos bancos. Esta medida complementa a decisão do aumento da taxa mínima de conversão de receitas de exportação, de 30% para 50%, o que implica maior disponibilidade e acesso às divisas”, acrescentou, sobre as conclusões da reunião.

Respondendo aos jornalistas, após a comunicação, tendo em conta as preocupações dos empresários com a falta de acesso a divisas, nomeadamente para garantir importações, Zandamela apontou que “havia a necessidade de ajustar certos segmentos de liquidez”.

O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, acusou em julho a banca de criar escassez de divisas e transformá-la em “oportunidade de negócio”, alertando que nunca faltou moeda estrangeira para distribuição de dividendos.

“Quando há escassez da moeda estrangeira, começa-se a transformar essa escassez em oportunidade de negócio. Isto acontece até nos bancos comerciais, [onde] vocês fazem negócio todos os dias. Não há uma verdadeira escassez [de divisas], é uma escassez criada”, disse Daniel Chapo, em 15 de julho, num encontro com os empresários locais, na província de Sofala, centro de Moçambique.

A Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique, maior associação empresarial do país, tem vindo a insistir que a falta de acesso a divisas nos bancos está a afetar as operações, sobretudo nos setores de saúde, aviação, combustíveis e importação de produtos alimentares.

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