Bolsonaro assume quebra de pulseira eletrónica por “curiosidade”

Brasília, 22 nov 2025 (Lusa) — O ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que foi colocado hoje em prisão preventiva, assumiu  às autoridades ter utilizado um soldador para manipular a pulseira eletrónica por “curiosidade”.

“Eu meti o ferro quente aí. Curiosidade”, disse Bolsonaro, de acordo com um vídeo gravado por uma agente e divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

No vídeo em causa é possível verificar a danificação da pulseira eletrónica causada por queimaduras.

De acordo com o relatório pericial, a pulseira que estava apertada ao tornozelo do ex-Presidente com o dispositivo “não apresentava danos” estruturais, embora tenha sido necessário substituí-la por outra.

Entretanto, o juiz do STF Alexandre de Moraes deu um prazo de 24 horas à defesa de Bolsonaro para explicar o comportamento do seu cliente.

O ex-chefe de Estado, condenado em setembro a mais 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, foi preso preventivamente hoje de manhã na sua residência em Brasília.

Bolsonaro, condenado a mais 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, encontrava-se em prisão domiciliária na sua casa em Brasília quando foi detido por agentes da Polícia Federal devido ao “risco de fuga” e a uma “ameaça à ordem pública”.

“Constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira [pulseira] eletrónica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho”, indicou o juiz, citando a proximidade da residência de Bolsonaro com embaixadas estrangeiras.

Bolsonaro encontra-se desde as 06:30 horas locais numa sala da sede da Polícia Federal em Brasília, onde contará com casa de banho privativa, televisão e ar condicionado, segundo meios de comunicação locais.

Condenado por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro ficará sob custódia num quarto de cerca de doze metros quadrados e terá à sua disposição assistência médica 24 horas por dia devido aos seus recorrentes problemas de saúde, de acordo com a decisão do STF.

Esse espaço reservado é conhecido como “Sala de Estado” e está adaptado para acolher autoridades, bem como personalidades públicas, segundo o jornal Folha de São Paulo.

O ex-Presidente só poderá receber visitas com autorização judicial prévia e terá audiência de custódia no domingo.

Na terça-feira, o STF divulgou o documento que rejeita os primeiros recursos apresentados pelo ex-Presidente e que oficializa a sua condenação a 27 anos e três meses por ter sido considerado culpado, entre outros crimes, de tentativa violenta de abolição do Estado de direito democrático e golpe de Estado na sequência das eleições de 2022, que perdeu para Lula da Silva.

A decisão foi publicada no Diário da Justiça Eletrónico, pelo que o prazo para os últimos recursos do antigo chefe de Estado (2019-2022) se aproxima do fim, uma vez que as defesas têm até domingo, dia 23 de novembro, para apresentar recurso.

Com a publicação do documento, a defesa poderá tentar um novo recurso, embora sabendo que poderá ser rejeitado automaticamente.

Em 11 de setembro, Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão, após uma maioria no Supremo Tribunal Federal ter declarado o ex-Presidente culpado por tentativa violenta de abolição do Estado de direito democrático, golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de património.

  

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