
Jerusalém, 22 nov 2025 (Lusa) — Milhares de israelitas manifestam-se hoje novamente em todo o país para exigir a criação de uma comissão estatal que investigue as falhas de segurança que permitiram os ataques de 07 de outubro de 2023, segundo media de Israel.
O ataque sem precedentes, de milícias lideradas pelo movimento radical palestiniano Hamas, matou cerca de 1.200 pessoas e outras 251 foram levadas como reféns.
No sábado passado, segundo a imprensa israelita, foram também milhares a concentrarem-se em várias cidades para exigir a comissão de investigação, mas os protestos de hoje ocorrem depois do Governo de Benjamin Netanyahu ter decidido no domingo a criação de uma comissão liderada pelo executivo em vez de uma supervisionada pelo poder judicial.
Apesar da declaração do Governo de que a comissão terá “plenos poderes de investigação”, será o primeiro-ministro, muito criticado pelas falhas a investigar, a nomear a comissão ministerial, que determinará depois o calendário e os temas a abordar.
De acordo com o jornal The Times of Israel, cerca de 2.000 manifestantes reuniram-se na Praça Habima, em Telavive, aos quais se juntaram representantes de partidos políticos, porta-vozes do Movimento por um Governo de Qualidade (MGQ – grupo anticorrupção), grupos antigovernamentais de reservistas e veteranos do exército e ativistas de esquerda, refere a agência noticiosa espanhola EFE.
Os meios de comunicação israelitas noticiaram que cinco líderes da oposição participam na manifestação: Yair Lapid, do partido centrista Yesh Atid, Naftali Bennett, da Nova Direita, Benny Gantz, do centrista Azul e Branco, Gadi Eisenkot, líder do novo partido político Yashar!, e o líder dos Democratas, o esquerdista Yair Golan.
Israel é o único país com um modelo de comissão de inquérito “independente” nomeada pelo primeiro-ministro. Desde 1968, foram criadas 20 comissões deste tipo em Israel para investigar diversos assuntos, adianta a EFE.
O primeiro-ministro tem recusado a criação de uma estrutura de investigação independente, apesar das recomendações do Supremo Tribunal e das sondagens que mostram uma maioria favorável à criação de uma comissão deste tipo, alegando que poderia afetar o curso da guerra na Faixa de Gaza, uma argumentação que os opositores dizem já não fazer sentido com a trégua em vigor no enclave palestiniano.
Até à data, apenas o exército e o Shin Bet (serviços secretos internos) conduziram investigações internas sobre os acontecimentos de 07 de outubro.
No entanto, um comité de peritos afirmou recentemente que a maioria das investigações levadas a cabo pelo exército em 2024 foram “incompletas e insuficientes”.
O dia 07 de outubro de 2023 representou um fracasso histórico dos serviços de segurança e de informação de Israel, que em retaliação lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 69 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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