
Kiev, 22 nov 2025 (Lusa) — Responsáveis ucranianos, norte-americanos e europeus devem reunir-se na Suíça este domingo para discutir o plano de Donald Trump para a Ucrânia, disseram hoje várias fontes, enquanto Kiev teme ser forçada a ceder às exigências de Moscovo.
De acordo com uma fonte entrevistada pela agência de notícias AFP, o conselheiro de segurança nacional do Presidente francês, Emmanuel Macron, “irá amanhã [domingo] a Genebra com os seus homólogos do E3 (Alemanha, França e Reino Unido)” para discutir “com os Estados Unidos, o E3 e os ucranianos” sobre o plano de paz.
O secretário do Conselho de Segurança da Ucrânia, Rustem Umerov, anunciou também hoje, na rede social Facebook, que ocorreriam, na Suíça, “consultas entre altos responsáveis ucranianos e norte-americanos sobre os possíveis parâmetros de um futuro acordo de paz” com Moscovo.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, assinou um decreto que estabeleceu a delegação responsável por participar nas negociações com Washington e, no futuro, com Moscovo.
Este plano norte-americano de 28 pontos é visto com grande preocupação em Kiev, porque incorpora várias exigências russas importantes, nomeadamente a Ucrânia ceder território à Rússia, aceitar uma redução do tamanho do seu Exército e renunciar à adesão à NATO. No entanto, oferece garantias de segurança do ocidente a Kiev para evitar novos ataques russos.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, rejeitou o plano na sexta-feira, apesar da pressão de Donald Trump e Vladimir Putin para o aceitar, afirmando que iria propor “alternativas” aos norte-americanos.
Esta delegação será liderada pelo chefe de Gabinete de Zelensky, Andriy Yermak, e incluirá, entre outros, o próprio Umerov, os chefes dos serviços de segurança e de informações e o chefe do Estado-Maior General. Trata-se, essencialmente, de uma delegação militar.
Donald Trump deu à Ucrânia até 27 de novembro, Dia de Ação de Graças, para responder às soluções propostas pelos norte-americanos.
“Terão de gostar, e se não gostarem, bem, já sabem, podem simplesmente continuar a lutar”, declarou o líder norte-americano na televisão.
O Presidente russo, Vladimir Putin, por sua vez, afirmou na sexta-feira que o texto norte-americano “poderá servir de base para uma solução final e pacífica” do conflito que começou em 2022. Putin disse estar pronto para “uma discussão completa de todos os detalhes” do texto elaborado por Washington.
Em caso de rejeição por parte da Ucrânia, Putin ameaçou continuar os ganhos territoriais na frente de batalha, onde o seu Exército detém a vantagem.
Perante esta dupla pressão dos Estados Unidos e da Rússia, Zelensky iniciou também consultas com os seus principais aliados na Europa.
Reunidos na cimeira do G20 em Joanesburgo, 11 países, sobretudo europeus, declararam em comunicado que o plano norte-americano “exigirá trabalho adicional”, temendo que possa deixar a Ucrânia “vulnerável a futuros ataques”.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, numa guerra que teve o seu início em 2014 com a anexação da península da Crimeia pelos russos.
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