Netanyahu ameaça levar à justiça colonos violentos na Cisjordânia

Jerusalém, Israel, 17 nov 2025 (Lusa) — O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, defendeu hoje que os colonos suspeitos de ações violentas na Cisjordânia ocupada enfrentem “toda a força da lei”, após novos distúrbios registados numa aldeia de Belém.

“Considero extremamente graves os violentos distúrbios e a tentativa de um pequeno grupo extremista, que não representa o povo da Judeia e Samaria, de fazer justiça pelas próprias mãos. Exorto as autoridades policiais a aplicarem toda a força da lei contra os manifestantes violentos”, declarou Netanyahu, usando as designações administrativas de Israel para a Cisjordânia.

No comunicado divulgado pelo seu gabinete, o chefe do Governo comprometeu-se pessoalmente com o tratamento destes incidentes.

“Eu próprio analisarei o assunto e convocarei os ministros competentes o mais rapidamente possível para tratar desta grave situação”, indicou Netanyahu, sem adiantar pormenores.

Este é o segundo comunicado do primeiro-ministro em dois dias sobre incidentes violentos envolvendo colonos radicais.

No domingo, Benjamin Netanyahu já tinha afirmado que ia tomar “medidas enérgicas” e adotar uma “resposta muito forte” contra os colonos violentos na Cisjordânia, observando que Israel é “uma nação de leis”, apesar das críticas reiteradas da impunidade de que gozam estes habitantes dos territórios ocupados.

O líder israelita reagia a ataques violentos na semana passada contra palestinianos em Beit Lid, no norte da Cisjordânia, que o Presidente de Israel, Isaac Herzog, classificou como “chocantes e inaceitáveis”.

No seguimento do aumento da violência na Cisjordânia, o comandante do exército israelita, Eyal Zamir, manifestou igualmente a intenção de pôr fim aos ataques de colonos “até que a justiça seja feita”.

No entanto, os ataques voltaram a ocorrer hoje, numa aldeia a sudoeste de Belém, onde foram incendiadas três casas, três veículos e um atrelado, segundo Dhiab Mashaleh, chefe do conselho da localidade, citado pela agência de notícias palestiniana Wafa.

Em comunicado, o exército israelita confirmou à agência de notícias EFE que polícias e soldados foram enviados para Jabaa, mas sem indicar se foram feitas detenções.

O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, classificou os colonos como “anarquistas violentos e criminosos” e afirmou que não será tolerado nenhum ato de violência que “difame a população dos colonatos” ou que prejudique os militares.

Segundo dados da organização israelita de defesa dos direitos humanos Yesh Din, quase 94% das investigações abertas pela polícia israelita sobre a violência dos colonos entre 2005 e 2024 terminaram sem que qualquer acusação tenha sido formalizada.

Desde 2005, apenas 3% dos processos abertos resultaram em condenações totais ou parciais.

Nas últimas semanas, os ataques atribuídos a colonos, cada vez mais jovens e violentos, geralmente residentes em postos avançados (assentamentos ilegais ao abrigo das leis de Israel e destinados a criar factos consumados no terreno), têm-se multiplicado na Cisjordânia, tendo como alvo habitantes palestinianos, mas também jornalistas, ativistas do próprio país e estrangeiros e, por vezes, até militares israelitas.

Segundo o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), foram registados em outubro pelo menos 264 ataques de colonos que resultaram em vítimas, danos materiais ou ambos na Cisjordânia, representando “o máximo mensal em quase duas décadas de recolha de dados”.

Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em 07 de outubro de 2023, mais de mil palestinianos morreram na Cisjordânia, de acordo com números das Nações Unidas, em episódios de violência envolvendo militares e colonos radicais israelitas.

No mesmo período, segundo números oficiais de Israel, pelo menos 36 israelitas, incluindo civis e soldados, foram mortos em ataques palestinianos ou durante incursões militares.

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