Cerca de 500 estudantes recolheram milhares de pontas de cigarro das ruas do Porto

Porto, 17 nov 2025 (Lusa) – Cerca de 500 estudantes de várias instituições de ensino do Porto apanharam hoje milhares de pontas de cigarro das ruas da baixa, numa ação para sensibilizar para os impactos do tabaco na saúde e no ambiente.

Na Praça General Humberto Delgado já se preparam as estruturas para as típicas luzes de Natal e a árvore já se encontra praticamente montada, mas hoje o motivo que justifica haver uma multidão reunida em frente à Câmara do Porto era diferente: vários alunos aceitaram o desafio de recolher pontas de cigarro lançado pela Polícia Municipal e pela Federação Académica do Porto (FAP) para assinalar o Dia Mundial do Não Fumador.

Faltavam poucos minutos para as 15:00 quando os alunos, divididos por grupos e já munidos de luvas e sacos de plásticos, dispersaram por várias ruas da baixa.

É a terceira vez que David Maia, que frequenta a licenciatura em Imagem Médica e Radioterapia, participa nesta iniciativa e desta vez vai a guiar um grupo de praxe composto por vários cursos da Escola Superior de Saúde.

“Acho que isto permite não só passarmos um bocado de tempo juntos, como faculdade e como estudantes, mas também mostrar que temos de fazer este tipo de atividades para sensibilizar a população, para manter a nossa cidade o mais limpa possível”, justifica.

Pela Rua dos Clérigos acima, são muitas as beatas que vão sendo apanhadas das entradas de algumas lojas, das bermas dos passeios, e presas entre os paralelos de granito que caracterizam o centro da cidade.

A agente da Polícia Municipal (PM) Paula Alves, que, junto com David, vai guiando este grupo, explica aos estudantes que as beatas de cigarro “são o lixo mais descartado do mundo” e que se estima que sejam descartadas anualmente cerca de cinco biliões.

“São mesmo um desastre habitual”, garante, enquanto também se vai baixando para os ajudar na recolha.

É com olhares de admiração, e também de estranheza, que os alunos são recebidos pelos turistas que param a apanhar sol no jardim do Base, mas ninguém precisa de perguntar nada, porque a agente Paula é a primeira a explicar, junto ao bar, que estão a “fazer uma campanha de sensibilização”.

“Esta parte da esplanada está limpa, que nós fazemos a limpeza todos os dias”, esclarece um funcionário, que sugere que continuem a seguir mais para as entradas deste jardim.

Lúcia Martins, estudante de terapia ocupacional, veio incentivada pelos colegas mais velhos e porque acha que “todos” devem ajudar.

Não consegue especificar quanto lixo já conseguiu apanhar, mas o saco de plástico que leva na mão já vai a meio, muito à semelhança de todos os alunos que, ao fim da tarde, iam chegando à conhecida como Praça dos Leões e ouvindo palavras de agradecimento dos vários agentes policiais presentes.

“Penso que ainda há pessoas que não têm consciência de que é uma contraordenação [deitar pontas de cigarro para o chão]”, partilha com a Lusa a comandante da Polícia Municipal, Liliana Marinho, que não tem dúvidas de que é o “passa palavra” e a as ações de sensibilização junto da camada mais jovem que poderá ajudar a travar o fenómeno.

O valor das multas “vai de 150 a 500 euros”, mas a Polícia Municipal do Porto ainda não passou nenhuma e tem apostado, para já, “só na vertente da sensibilização”.

“Este é um trabalho que nunca está terminado e as questões da sensibilização e da literacia são extremamente importantes”, corrobora, ao lado, a vice-presidente da autarquia, Catarina Araújo.

Para a vereadora, que é também responsável pelo pelouro do Ambiente e Sustentabilidade, “envolver os jovens desde o início é o caminho para o sucesso” na longa caminhada contra os malefícios do tabaco e autarquia deve estar sempre presente pela simbologia.

A mesma ideia é defendida pelo presidente da FAP, que sugere que são este tipo de iniciativas que permitem criar no subconsciente uma mentalidade que “faz depois no dia-a-dia não cometer este tipo de atos”.

As pontas de cigarro recolhidas ainda vão demorar a ser contabilizadas, e os agentes de segurança não têm mãos a medir para a quantidade de resíduos trazida por casa aluno.

“Já não cabem mais beatas nestas 10 caixas”, ouve-se um polícia dizer, enquanto vai juntando as que sobram em sacos.

AFG // LIL

Lusa/Fim