
Dondo, Moçambique, 13 nov 2025 (Lusa) – Moçambique conta a partir de hoje como uma nova fábrica de descasque e processamento de gergelim, de 25 milhões de euros, para impulsionar a indústria transformadora e exportação daquele produto, anunciou, na província de Sofala, o Presidente moçambicano.
O anúncio da nova fábrica, na localidade de Nhamayabue, distrito do Dondo, centro do país, foi feito pelo chefe de Estado, Daniel Chapo, durante o lançamento da Campanha de Produção Agrícola 2025/2026, naquela província: “Com esta fábrica, Sofala deixa de ser apenas produtora. Passa a ser também transformadora e exportadora, gerando emprego, rendimento e valor acrescentado para o país”.
Trata-se de uma fábrica, inaugurada ao final da tarde de hoje, cuja construção representou um investimento avaliado em pouco mais de 30 milhões de dólares (25 milhões de euros) de uma firma de Singapura, com previsão de empregar 1.000 trabalhadores, dos quais 95% será mão de obra local e uma produção anual de 20.000 toneladas.
“Com esta fábrica, a semente do nosso campo passa a gerar riqueza dentro das nossas fronteiras. O que antes saía como matéria-prima volta agora ao mundo como produto processado ‘Made in Mozambique’, com qualidade certificada e com orgulho nacional”, disse o chefe de Estado, acrescentando, no local, que a nova fábrica, para além de uma fonte de riqueza e desenvolvimento, representa mais um passo para o objetivo de independência económica de Moçambique.
“Com esta fábrica, mais de 35 mil pequenos produtores — muitos deles pertencentes à agricultura familiar — passam a dispor de um mercado seguro, previsível e justo para comercializarem o seu gergelim, tornando-se parte ativa de uma cadeia de valor produtiva moderna, tecnológica e orientada para o mercado global. Estamos, assim, a fortalecer a integração produtiva entre a agricultura familiar, o setor privado e as cooperativas de produtores”, afirmou o Presidente moçambicano.
Para Chapo, a inauguração daquela unidade industrial representa ainda um salto qualitativo no setor agrário moçambicano, que poderá permitir passar da produção à transformação, e do campo à exportação.
“O gergelim é hoje uma das nossas culturas mais promissoras. Moçambique é um dos oito maiores produtores do mundo, faz parte dos Top 10. Por isso, queria aproveitar esta ocasião para convidar à juventude moçambicana que está à procura de trabalho. Temos dito que vamos trabalhar. Esta fábrica ainda não tem matéria-prima suficiente. Os proprietários, neste momento, estão a pedir disponibilidade de terra, cerca de 26 mil hectares”, apontou Chapo.
Assumiu, por isso, o objetivo de colocar os mais jovens a cultivar os próprios campos, mas que “mesmo assim não será suficiente”.
“Vão precisar ainda de comprar gergelim para poderem processar nesta fábrica. Então, estão convidados, jovens moçambicanos, do Rovuma ao Maputo, mulheres moçambicanas, homens moçambicanos, para produzirem gergelim, porque já está comprado nesta fábrica, para fazerem dinheiro (…) Esta cultura sustenta mais de 350 mil pequenos agricultores, sobretudo nas províncias de Cabo Delgado, Nampula, Zambézia, Tete e Sofala, contribuindo diretamente para a segurança alimentar e aumento das exportações agrícolas do país”, disse.
A nível nacional, a produção atual de gergelim ronda as 200 mil toneladas por ano, sendo que Sofala contribui com 25% deste total, onde se destacam os distritos de Dondo, Caia, Chemba, Maríngue, Nhamatanda e Gorongosa, reconheceu o chefe de Estado.
“Esta fábrica é o reconhecimento do esforço dos nossos produtores — homens e mulheres — que trabalham com as mãos, com o coração e com esperança neste nosso Moçambique. O seu suor é agora transformado em valor económico. O maior valor deste projeto não está nas máquinas, mas nas vidas moçambicanas que o mesmo transforma e vai continuar a transformar”, afirmou o chefe de Estado.
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