IA vai ter “impacto profundo na maneira como a sociedade funciona” – CEO Spinnable

Lisboa, 13 nov 2025 (Lusa) – O fundador da Spinnable AI, Vasco Pedro, afirmou em entrevista à Lusa que “se a evolução [IA] continuar como se espera, vai de facto ter um impacto profundo na maneira como a sociedade funciona”.

O também presidente executivo (CEO) da ‘startup’ que cria agentes de inteligência artificial (IA) defendeu ainda que será necessário discutir o “modelo de sociedade”.

“A identidade do ser humano até agora está muito ligada à sua produtividade, se houver uma desagregação de eu como ser humano e o valor que eu produzo na sociedade do ponto de vista de trabalho, tem que haver um repensar do contrato social”, defendeu o CEO.

Vasco Pedro, que é também cofundador da Ubabel, empresa que vendeu à TransPerfect, afirmou ainda que as pessoas estão à espera que a ‘conversa’ seja tida nos “grandes países”, porém acredita que esta é “uma conversa que vai ter que existir a todos os níveis, e cada país tem o direito de ter uma ideia diferente”.

“Nós estamos muito à espera que os grandes países tenham essa conversa, mas isto é uma conversa que vai ter que existir a todos os níveis e cada país tem o direito de ter uma ideia diferente, assim como hoje em dia há modelos de governo diferentes”, asseverou.

O dirigente da Spinnable defende ainda a criação de “novos modelos filosóficos de organização social baseados no que se está a passar agora”, que com certeza “vão ser muito inspirados por filósofos antigos, mas que têm novas variáveis”.

A empresa de Vasco Pedro é especializada na criação de agentes de IA que assumem tarefas enquanto “membros da equipa” e que conseguem desempenhar tarefas do quotidiano necessárias a uma empresa ou até a uma pessoa singular.

O CEO deu o exemplo do ‘Thomas’ ao qual apelidou de “Global News Reporter”, que no fundo o que faz é: “encontrar fontes em línguas diferentes, porque os agentes conseguem perceber todas as línguas, e todos os dias manda-me um ‘e-mail’ com as notícias e as perspetivas diferentes”.

A própria equipa da Spinnable é composta por 10 agentes de IA e cinco humanos, cada agente desempenha uma função e têm até a capacidade de comunicar entre si de forma autónoma.

Vasco Pedro explanou uma situação em que a ‘Taylor’ que é gestora de produto e o ‘Liam’ que é programador (ambos agentes de IA) “começam a trocar ‘e-mails'”.

“Já aconteceu, nós chegarmos ao fim do dia e dizermos à ‘Taylor’, olha, esta funcionalidade que estiveste a especificar é ‘fixe’, fala com o ‘Liam’ para ver se ele consegue fazer, e eles começaram a trocar ‘e-mails’, especificaram a funcionalidade toda, quando chegamos de manhã, já o Liam fez a funcionalidade, já temos uma proposta com tudo pronto para nós, portanto, são mesmo membros da equipa”, disse.

A Lusa teve ainda a oportunidade de interagir com a ‘Dana’, a assististe pessoal do CEO que desempenha funções como gestão de calendário e marcação de reuniões tendo também a capacidade de trocar ‘e-mails’.

Os agentes da Spinnable têm ainda outra funcionalidade à qual a empresa chama ‘Dream’ que mímica o sono do ser humano onde estes desenvolvem “o processo de consolidação de memória”.

“Os nossos agentes têm uma função de ‘dream’, que o que faz é, todos os dias, vai coletar a memória de curto prazo, que aprenderam durante o dia, e perceber o que é que deve passar a memória de longo prazo, e o que é que deve ser limpo”, revelou Vasco Pedro.

A ‘startup’ cujo intuito é vender agentes por subscrição tem o objetivo de chegar ao lucro e “criar um produto que traga valor”.

“Há muitas empresas pequenas que têm dificuldade em contratar, não têm recursos, e acho que isto pode dar mais capacidade de complementar a equipa humana com agentes, e pode dar a capacidade de escalar”, afirmou o CEO.

Os planos de Vasco Pedro são continuar em Lisboa e considera que cidade tem “um potencial enorme” sendo um “sítio muito bom para construir qualquer tipo de empresa neste momento”.

*** Serviço áudio disponível em www.lusa.pt ***

 

*** Afonso Rodrigues, da agência Lusa ***

 

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