
Caracas, 13 nov 2025 (Lusa) — O presidente da empresa de sondagens Consultores 21, Saul Cabrera, afirmou em entrevista a uma rádio da Venezuela que a crise económica continua a ser a principal preocupação dos venezuelanos.
“Nos anos 80 e 90, predominavam a insegurança e a corrupção. Hoje, embora a criminalidade continue presente, a questão económica tornou-se a maior preocupação (…) Na Venezuela, o problema fundamental há anos é a economia, com diferentes facetas”, disse na quarta-feira à Unión Rádio.
Saul Cabrera precisou que entre 2016 e 2018, o principal problema dos venezuelanos era a falta de abastecimento, mas “agora os produtos estão nas prateleiras dos supermercados e das mercearias, dos vendedores informais, mas a preços inacessíveis para a maioria”, com a população a ter a perceção de que não tem dinheiro para os comprar.
“Quase metade das pessoas queixam-se do problema económico, mas quatro em cada 10 pessoas queixam-se da inflação, do custo da vida”, disse.
Por outro lado, explicou que os venezuelanos anseiam ter um emprego estável e bem remunerado, em que acumulem benefícios pelos anos de serviço prestado, tenham aumentos e férias periodicamente.
“Ou seja, que possam usufruir de todas as coisas a que têm direito por lei. Nestes tempos as pessoas sentem falta disso, porque não acontece”, disse, sublinhando que os venezuelanos percebem que os “salários são precários” e que o salário mínimo local “é algo absolutamente muito precário” com as empresas a “dar” frequentemente “muitos bónus, para que as pessoas tenham dinheiro para comprar os produtos que precisam”.
Saul Cabrera explicou ainda que as últimas sondagens da Consultores 21 dão conta que os venezuelanos continuam a ponderar emigrar, estando com os olhos postos em vários países da América Latina como destinos principais.
“Um em cada quatro venezuelanos dizem ainda querer partir, e metade deles que gostariam de o fazer nos próximos 12 meses”, disse, precisando que alguns deles estariam já a tratar da documentação, em busca de apoio e identificado as condições e sítios para onde vão emigrar.
No entanto, explicou, desde que em janeiro de 2025, Donald Trump assumiu a Presidência dos EUA deu-se uma mudança nas intenções migratórias dos venezuelanos.
“Um destino muito procurado ou querido das pessoas era os EUA, mas as políticas agressivas do Presidente Trump têm assustado muito os venezuelanos, desestimulando a migração para os Estados Unidos”, disse indicando que o Chile, o Equador, o Peru e a Colômbia são os destinos preferidos dos migrantes e países onde podem conseguir algum tipo de suporte ou apoio familiar uma vez que a Venezuela acolheu grandes comunidades de chilenos, peruanos, equatorianos e colombianos.
De acordo com a ONU, nos últimos anos, quase 7,9 milhões de pessoas abandonaram a Venezuela em busca de proteção e de uma vida melhor.
A maioria — 6,7 milhões de pessoas — foi acolhida por outros países da América Latina e das Caraíbas.
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