
Maputo, 12 nov 2025 (Lusa) – O Governo moçambicano admitiu hoje tratar-se de um “grande desafio” a expansão de projetos de empreendedorismo para jovens face ao crescimento demográfico, pedindo aos empresários aposta na agricultura, indústria transformadora e tecnológica para alavancar a economia.
“Nunca na nossa história tivemos um desencontro do ponto de vista de planeamento entre as previsões de planificação e o crescimento da população e que surge num momento em que a produção e a produtividade não estão a acompanhar o crescimento da população. Este é um desafio que nós temos, que é de expandir projetos para jovens. Podem ser na agricultura, na indústria transformadora, mas principalmente no uso da tecnologia”, disse o ministro da Planificação e Desenvolvimento, Salim Valá.
O governante falava como orador na XX Conferência Anual do Setor Privado (CASP), que arrancou hoje em Maputo, em que disse que o executivo moçambicano está a avançar com iniciativas de financiamento a projetos de empreendedorismo de jovens e mulheres como estratégia para aliviar a pressão face à procura de emprego, referindo que o desafio agora é fazer os fundos disponíveis alcançarem os distritos onde há maior concentração de jovens.
As estatísticas oficiais apontam que Moçambique tem cerca de 33 milhões de habitantes, estando prevista uma operação recenseamento da população em 2027.
“A grande energia de talento que nós temos para o desenvolvimento económico está nos jovens e também nas mulheres moçambicanas”, frisou Salim Valá.
Nas mesmas declarações, o responsável indicou que nos últimos anos o crescimento da economia nacional tem sido condicionado pelos eventos climáticos, referindo que não permitem a criação de robustez necessária para a produção e produtividade, dificultando ainda a arrecadação de impostos pelo Estado.
Ainda assim, o governante apelou ao setor privado para apostar na agricultura e na indústria transformadora para alavancar a economia a travar as importações.
“Foi bem dito que o setor da agricultura vai continuar a ser chave para o desenvolvimento económico, mas a agricultura isolada pode não trazer impacto necessário, é por isso que temos que potenciar a indústria transformadora. A modernização da agricultura, o crescimento da indústria transformadora, os empregos que se criam são de moçambicanos, a produção é orientada para o mercado interno, o financiamento muitas vezes tem que ser interno”, disse o ministro Valá, considerando que investimentos nos grandes projetos devem continuar, não obstante não fornecerem muitos empregos.
“A grande mensagem que temos que tomar em consideração é que temos uma economia desfocada. A agricultura e a economia transformadora são vitais para Moçambique crescer para um desenvolvimento económico endógeno, conduzido por forças internas, pelo setor privado interno”, defendeu o governante.
Empresários moçambicanos e estrangeiros discutem a partir de hoje, em Maputo, projetos de 1.500 milhões de dólares na Conferência Anual do Setor Privado (CASP), considerado o maior evento de diálogo público-privado e de negócios em Moçambique.
A conferência vai decorrer até sexta-feira, no Centro de Conferências Joaquim Chissano, em Maputo, capital moçambicana, e é mais uma vez organizada em conjunto pela Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique e pelo Governo.
Para o evento, que decorre sob o lema “Reformar para Competir: Caminhos para Relançamento Económico”, participam mais de 2.000 participantes, 40 oradores e 80 expositores, estes últimos a participar na Mozambique Home Expo, uma exposição à margem da CASP e que visa estimular o acesso à habitação a preços acessíveis.
Durante a conferência, segundo a CTA, está prevista a discussão de projetos avaliados em 1.500 milhões de dólares (1.288 milhões de euros), com a presença confirmada de delegações de pelo menos seis países.
PME/VIYS // JMC
Lusa/Fim
