
Lisboa, 12 nov 2025 (Lusa) – A ministra da Saúde afirmou hoje que casos como o do dermatologista do Hospital de Santa Maria minam a confiança no Serviço Nacional de Saúde, não podendo ser ignorados, e apelou à ética profissional dos médicos.
À margem da Convenção Nacional da Saúde, em Lisboa, Ana Paula Martins disse que não comenta processos que estão a ser investigados pelo Ministério Público, mas reconheceu a gravidade da situação.
“Cada vez que uma coisa destas acontece, os cidadãos diminuem a sua confiança no Serviço Nacional de Saúde. E isso é algo que nós não podemos, nem devemos, ignorar e escamotear”, afirmou, sublinhando que espera reforçar mecanismos de controlo com a Unidade de Combate à Fraude.
Para a ministra, este tipo de situações apela “ao código de ética profissional de todos os profissionais de saúde”.
“É preciso todos termos consciência que quando estas coisas acontecem, mesmo podendo ser uma parte muitíssimo diminuta, que não representa de maneira nenhuma aquilo que os nossos profissionais, as nossas equipas fazem de forma extraordinária, isto mina a confiança no sistema e no Serviço Nacional de Saúde e nós não podemos deixar que isso aconteça”, frisou.
O dermatologista ganhou mais de 700 mil euros em cirurgias adicionais no Hospital de Santa Maria e, segundo a Inspeção-Geral da Atividades em Saúde (IGAS), recebeu indevidamente incentivos para cirurgias que codificou, algumas oncológicas.
A ministra salientou que o SIGIC (sistema de inscritos para cirurgia), “mesmo com todos os defeitos que tem”, e apesar de estar a ser transformado, “salvou muitas vidas e ainda hoje continua a salvar”, porque rentabiliza a capacidade instalada no SNS quando se segue todos os procedimentos.
Ana Paula Martins disse esperar que, com todas as medidas que estão a ser tomadas, e com a Unidade de Combate à Fraude, os portugueses possam continuar a confiar no Serviço Nacional de Saúde.
Segundo as conclusões do relatório divulgadas pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), que foi enviado para o Ministério Público, o dermatologista em causa terá marcado inclusive consultas de dermatologia para os seus pais sem que existisse uma referenciação prévia, elaborado as propostas cirúrgicas e realizado as cirurgias.
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