Ministro próximo de Netanyahu demite-se um mês após trégua em Gaza

Jerusalém, Israel, 11 nov 2025 (Lusa) – O ministro dos Assuntos Estratégicos israelita, Ron Dermer, próximo do chefe do Governo, Benjamin Netanyahu, apresentou hoje a demissão, um mês após a entrada em vigor do cessar-fogo na Faixa de Gaza, que ajudou a negociar.

Numa carta de demissão hoje divulgada, Ron Dermer invocou uma promessa à família, no dia da sua tomada de posse, de que apenas permaneceria no cargo durante dois anos, embora, com a sua aprovação, tenha prorrogado o seu mandato duas vezes.

“A primeira vez foi para ajudar a eliminar a ameaça existencial representada pelas capacidades nucleares militares do Irão, e a segunda foi para terminar a guerra em Gaza nos termos estabelecidos por Israel e garantir o regresso dos nossos reféns às suas casas”, declarou.

O governante referia-se ao conflito aberto, em junho passado, com o Irão, iniciado por Israel com a justificação de eliminar a ameaça de uma arma nuclear, e ao cessar-fogo com os islamitas do Hamas, em vigor na Faixa de Gaza desde 10 de outubro, que permitiu a devolução de 20 reféns vivos em posse das milícias palestinianas e 24 dos 28 mortos.

Dermer agradeceu a Netanyahu pela oportunidade de servir ao seu lado nos últimos três anos e a confiança nele depositada nesse período para “lidar com as questões mais importantes que o Estado de Israel enfrenta neste momento crítico”.

Este Governo, prosseguiu, “será recordado tanto pelo ataque de 07 de outubro”, liderado pelo Hamas no sul de Israel em 2023, “como pela forma como conduziu a guerra de dois anos em sete frentes que se seguiu”.

Dermer considerou que o 07 de outubro representa “sem dúvida o dia mais negro que o povo judeu conheceu desde a criação do Estado de Israel”.

Realçou por outro lado que a história judaica “nunca foi definida” pelos seus “dias negros, que foram incontáveis”, mas pela sua capacidade de “perseverar e superar as trevas”.

Mais de dois anos após os ataques do Hamas e o início da guerra na Faixa de Gaza, o ex-ministro de Netanyahu comentou que foi desferido “um golpe devastador no eixo terrorista iraniano” e Israel encontra-se numa “posição vitoriosa que pode inaugurar uma nova era de segurança, prosperidade e paz”.

Por fim, disse ignorar qual será o seu futuro, embora esteja certo de que continuará a servir “o futuro do povo judeu”.

Nascido nos Estados Unidos, Dermer é visto como um conselheiro próximo de Netanyahu, que o encarregou de vários assuntos sensíveis, incluindo as relações com os Estados Unidos e vizinhos árabes ou as negociações sobre a libertação de reféns na Faixa de Gaza.

A imprensa israelita indica que depois de deixar o Governo, Dermer deverá continuar a ser chamado como enviado de Netanyahu e envolvido em temas como os esforços de normalização diplomática ao abrigo dos Acordos de Abraão.

Em 2020, os Acordos de Abraão, patrocinados pelo então Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o seu primeiro mandato, levaram à normalização das relações entre Israel e vários países árabes.

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