Dois detidos por alegado envolvimento no rapto de empresário português em Maputo

Maputo, 03 nov 2025 (Lusa) — A polícia moçambicana deteve dois homens suspeitos de envolvimento no rapto de um empresário português, ocorrido a 07 de outubro em Maputo, anunciou hoje o Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic), que espera em breve chegar à vítima.

“Queremos confirmar a detenção de dois cidadãos nacionais, de idades entre 30 e 46 anos”, disse hoje em conferência de imprensa João Adriano, porta-voz do Sernic em Maputo, apresentando os dois suspeitos aos jornalistas.

Em causa está o rapto do empresário português, de 69 anos, que também tem nacionalidade moçambicana, na baixa de Maputo, em frente ao seu estabelecimento comercial, por um grupo que seguia numa viatura branca e sem chapa de matrícula, o primeiro caso do género conhecido publicamente desde junho.

O porta-voz garantiu que a o investigação está a correr a “passos largos” para a resolução do crime e reiterou que a “maior necessidade” agora é trazer a vítima ao convívio familiar: “A partir dos resultados obtidos, estamos cientes de que a breve trecho vamos convidar a imprensa para nos pronunciar a respeito da localização”.

Segundo João Adriano, os suspeitos, que fazem parte de um grupo de oito pessoas envolvidas no rapto, foram detidos ao longo da estrada Nacional 4 (N4), no distrito de Moamba, na província de Maputo, sul do país, quando se faziam transportar numa das viaturas usadas durante o crime.

“Esses indivíduos foram detidos em flagrantes, transportavam eles esta viatura para África do Sul e o entendimento nosso, sem dúvida, é de que eles queriam queimar a prova, queriam se desfazer da mesma, que é para, se calhar, dificultaram o trabalho investigativo”, explicou, acrescentando que o segundo automóvel usado no crime também se encontra no país vizinho.

Adriano assinalou ainda que no interior da viatura foi encontrada a chapa de matrícula usada durante o rapto: “Esta viatura naquele dia ostentava uma certa chapa de matrícula nacional, então essa chapa de matrícula encontrava-se no interior daquela viatura”.

Com os dois suspeitos detidos, a polícia moçambicana garante estar a trabalhar para a captura dos restantes envolvidos, sendo que um já foi identificado e conta com um mandato de prisão.

“Temos a identificação [do suspeito], não podemos revelar aqui, mas o Sernic está a fazer um trabalho para localizá-lo e a breve trecho ser trazido aqui para o conhecimento de todos e, se calhar, para ser responsabilizado em sede processual”, afirmou.

O ministro do Interior moçambicano, Paulo Chachine, garantiu no dia 22 de outubro haver um trabalho “muito intenso e profundo” na investigação do rapto do cidadão português, no sexto sequestro este ano.

“A investigação está a ocorrer, está a ocorrer, é um processo. Há um trabalho muito intenso, um trabalho muito profundo que está a ser realizado pela Polícia da República de Moçambique [PRM] e pelo Serviço Nacional de Investigação Criminal, com vista ao esclarecimento deste caso”, disse Paulo Chachine, à margem da cerimónia de tomada de posse de novos oficiais comissários da PRM, em Maputo.

O Governo moçambicano disse no mesmo dia, 07 de outubro, ter sido informado do rapto do empresário, aguardando pela atuação das forças de segurança, mas sublinhou os progressos para controlar este tipo de crime no país.

Este é o primeiro caso conhecido publicamente desde 21 de junho, quando um cidadão libanês, proprietário de uma farmácia, foi raptado no estabelecimento, no centro de Maputo.

A polícia moçambicana registou, desde 2011 até março de 2024, um total de 185 raptos e pelo menos 288 pessoas detidas por suspeitas de envolvimento neste tipo de crime, indicam os últimos dados avançados pelo Ministério do Interior.

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