
Washington, 24 out 2025 (Lusa) – O Presidente norte-americano decidiu cessar, com efeito imediato, as negociações comerciais com o Canadá, acusando Otava de distorcer as palavras do antecessor Ronald Reagan, numa campanha publicitária contra o aumento de tarifas entre os dois países.
“Tendo em conta o seu comportamento escandaloso, TODAS AS NEGOCIAÇÕES COMERCIAIS COM O CANADÁ ESTÃO ENCERRADAS», escreveu Donald Trump, na quinta-feira à noite (esta madrugada em Lisboa) na rede social Truth Social, utilizando, como é habitual, letras maiúsculas.
A Fundação Ronald Reagan, escreveu ainda o dirigente norte-americano, “acaba de anunciar que o Canadá usou fraudulentamente um anúncio, que é FALSO, apresentando Ronald Reagan a falar negativamente sobre as tarifas.”
Donald Trump referia-se à campanha publicitária financiada pela província canadiana de Ontário, no valor de cerca de 75 milhões de dólares (cerca de 64,5 milhões de euros), com o objetivo de convencer os eleitores republicanos norte-americanos, de acordo com vários meios de comunicação social.
No entanto, Donald Trump acusa as autoridades canadianas de terem “agido assim apenas para influenciar a decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos e de outros tribunais”, perante os quais é contestada a legalidade dos decretos do Presidente norte-americano que desencadearam estes aumentos aduaneiros.
A Fundação Ronald Reagan declarou na rede social X que a campanha publicitária canadiana utilizou “de forma seletiva excertos de áudio e vídeo” de um discurso radiofónico sobre o comércio do antigo presidente republicano, em abril de 1987.
De acordo com a fundação, a publicidade distorcia as palavras de Ronald Reagan (1981-1989), acrescentando que estava “a analisar as suas opções jurídicas neste caso”.
“OS DIREITOS ADUANEIROS SÃO MUITO IMPORTANTES PARA A SEGURANÇA NACIONAL E A ECONOMIA DOS ESTADOS UNIDOS”, escreveu ainda Donald Trump.
Antes da inesperada declaração, um acordo comercial entre Otava e Washington sobre o aço, o alumínio e a energia parecia provável, de acordo com o jornal canadiano Globe and Mail, antes do encontro previsto entre o primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, e Donald Trump durante a cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), no final do mês.
Questionado sobre isso na terça-feira, Carney não negou nem confirmou a iminência desse possível acordo. “Veremos”, disse o responsável a repórteres. “Estamos em negociações intensas neste momento”, notou.
Aproximadamente 85% do comércio transfronteiriço permanece isento de tarifas, já que os Estados Unidos e o Canadá são membros do Acordo de Livre Comércio da América do Norte.
Mas as tarifas setoriais globais de Trump, particularmente sobre aço, alumínio e automóveis, atingiram duramente o Canadá, levando à perda de empregos e colocando as empresas sob pressão.
CAD // VQ
Lusa/Fim
