
Jerusalém, Israel, 21 out 2025 (Lusa) – O genro do Presidente norte-americano Donald Trump e um dos principais arquitetos do cessar-fogo na Faixa de Gaza, Jared Kushner, afastou hoje a atribuição de fundos de reconstrução para áreas no enclave palestiniano controladas pelo grupo islamita Hamas.
“Nenhum fundo de reconstrução será atribuído a áreas que o Hamas ainda controla”, declarou Kushner, que hoje chegou a Israel com o vice-presidente norte-americano, J.D. Vance, e o enviado da Casa Branca para o Médio Oriente, Steve Witkoff.
Citado pela imprensa israelita, o genro de Trump referiu que, neste momento, estão em curso discussões sobre o início da reconstrução em áreas controladas pelo Exército israelita, que atualmente abrange cerca de metade do território palestiniano.
“Dar aos palestinianos que vivem em Gaza um lugar para ir, um lugar para trabalhar, um lugar para viver. Essa é uma das muitas coisas que estão a ser consideradas”, afirmou.
A visita da delegação norte-americana ocorre num momento em que se cumpre o 11.º dia do cessar-fogo entre Israel e o Hamas, no âmbito de um plano desenvolvido pelos Estados Unidos, com apoio dos restantes mediadores internacionais, Egito e Qatar, e de vários países árabes.
Na sua primeira fase, que está em vigor, o plano estabelece a troca de reféns em posse do Hamas por prisioneiros palestinianos, a retirada parcial das forças israelitas do enclave e o acesso de ajuda humanitária ao território.
A etapa seguinte, ainda por acordar, prevê a continuação da retirada israelita da Faixa de Gaza, o desarmamento do Hamas, apesar da sua resistência a este respeito, bem como a reconstrução e a futura governação do enclave, que descarta um papel do grupo islamita.
Falando em conferência de imprensa com J.D. Vance no centro de coordenação civil-militar, criado pelas autoridades israelitas e norte-americanas no sul de Israel, Kushner defendeu a parceria entre os dois países para reconstruir Gaza e estabelecer “uma paz duradoura”.
Ao mesmo tempo, elogiou os primeiros 11 dias do cessar-fogo, apesar dos confrontos ocorridos no domingo no território palestiniano.
“Muitas pessoas estão a ficar um pouco histéricas com as diferentes incursões. Mas o que estamos a ver é que as coisas estão a correr de acordo com o plano. Ambos os lados estão em transição de dois anos de guerra muito intensa para uma postura de paz”, sustentou.
Na mesma conferência de imprensa, J.D. Vance descartou o destacamento de tropas dos Estados Unidos para a Faixa de Gaza, e afastou um prazo para a desmilitarização do Hamas.
O dirigente norte-americano indicou que, em alternativa, as forças norte-americanas podem dedicar-se a “uma coordenação útil”, no âmbito do plano para o fim das hostilidades no enclave palestiniano.
“Como se consegue a presença dos Estados do Golfo, além de Israel, além dos turcos e dos indonésios? Como se faz para que estas pessoas trabalhem em conjunto para alcançar uma paz duradoura? Os únicos mediadores são os Estados Unidos”, defendeu J.D. Vance.
O líder norte-americano insistiu num aviso ao grupo islamita “muito direto” de que se deve desarmar, no âmbito do plano de 20 pontos do Presidente norte-americano, que “são muito claros” e merecem o apoio não só de Israel, mas também de todos os países “amigos árabes do Golfo”.
Reconheceu porém que esse processo “levará algum tempo”.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 68 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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