
Seul, 18 out 2025 (Lusa) – A polícia da Coreia do Sul confirmou hoje que o Camboja deportou 64 cidadãos sul-coreanos acusados de envolvimento com centros que praticam fraudes através da Internet.
A Coreia do Sul enviou na quarta-feira uma equipa para o Camboja, onde acredita que cerca de mil sul-coreanos estão a trabalhar nestes centros, para discutir dezenas de casos de raptos através de ofertas de emprego fraudulentas.
Seul anunciou então, na sexta-feira à noite, que estava a fretar um voo para trazer de volta cerca de 60 cidadãos, “participantes voluntários e não voluntários” dos esquemas de burlas, que estavam detidos pela polícia cambojana.
O grupo aterrou na manhã de hoje no Aeroporto de Incheon, disse um dirigente da polícia sul-coreana à agência de notícias France-Presse.
As autoridades policiais foram vistas a preparar-se para os transportar em carrinhas de segurança pretas.
A maioria dos sul-coreanos regressados foi detida no Camboja durante repressões contra centros de burla e vai enfrentar investigações policiais em casa, disse o diretor de segurança nacional de Seul, Wi Sung-lac.
Na sexta-feira, o Governo da Coreia do Sul proibiu os sul-coreanos de viajar para o Camboja, face ao aumento do número de pessoas supostamente raptadas por redes de tráfico de seres humanos e grupos de crime organizado com base no Camboja.
Os grupos criminosos obrigaram os cidadãos sul-coreanos a praticarem fraudes, envolvendo criptomoedas, através da Internet, num ambiente semelhante ao de uma prisão.
De acordo com fontes diplomáticas de Seul e da ONU, os cidadãos sul-coreanos são mantidos como escravos e foram submetidos a atos de tortura pelos grupos de crime organizado.
O alerta de Seul recomenda igualmente aos cidadãos sul-coreanos a abandonarem certas zonas do Camboja.
O aviso foi difundido no dia em que o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, Kim Jina, se reuniu com o primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet, em Phnom Penh.
O encontro na capital do Camboja aconteceu após a morte de um estudante sul-coreano que terá sido forçado a trabalhar num centro de burlas no Camboja.
Phnom Penh informou na quinta-feira que, nos últimos meses, deportou 180 cidadãos sul-coreanos envolvidos em cibercrime e outros 60 aguardam repatriamento.
Segundo um relatório das Nações Unidas, pelo menos 200 mil pessoas estão atualmente retidas em centros de fraude no Camboja, enquanto em Myanmar (antiga Birmânia, outro epicentro deste fenómeno, o número ascende a cerca de 120 mil.
A decisão de Seul surgiu na mesma semana em que os governos do Reino Unido e dos Estados Unidos anunciaram a aplicação de sanções conjuntas contra o conglomerado Prince Group, com base no Camboja.
O presidente do grupo de empresas, Chen Zhi, é acusado de montar rede de cibercrime e tráfico de seres humanos.
VQ (PSP) // VQ
Lusa/Fim